O Chefe
de Divisão de Planeamento e Gestão Urbanística do município começou por
partilhar alguns espaços da Póvoa de Varzim que habitam no seu imaginário
constituindo a sua memória individual da cidade onde cresceu.

E porque
considera que identidade humana e do território estão intimamente relacionadas,
o palestrante explicou como o espaço se vem organizando ao longo dos tempos
referindo-se à história do urbanismo. Apontou três momentos: o primeiro, há
cerca de 5000 anos, cujo modelo de cidade expressa a relação do Homem com Deus
(Babilónia); o segundo, do século V a.C. até ao século XVI d.C., que expressa a
relação do Homem consigo mesmo (Grécia) e, por último, da Revolução Industrial,
que expressa a relação do Homem com a tecnologia (Saltaire).

Após elucidar o
público sobre a história do urbanismo, António Leite Ramalho mostrou que a
Póvoa de Varzim congrega, hoje, todas as dimensões dos modelos apresentados,
exibindo uma tendência de modernidade nesta fusão.

Sobre a Póvoa de
Varzim de meados do século XX informou que foi um período muito marcado pela
construção de equipamentos públicos e arranjos urbanísticos importantes. Para
além disso, evidenciou alguns estudos de referência a nível nacional,
nomeadamente, o Plano Geral de Melhoramentos (1920) e o Ante Plano de
Urbanização da Póvoa de Varzim, transmitindo que “sempre houve uma notória
preocupação com o urbanismo na nossa cidade”.

Na viragem do século
XIX para o século XX, esclareceu que 1891 foi um ano marcante para o país e
para a Póvoa, altura em que surgiu o primeiro projeto de melhoramento dos
arruamentos junto à praia. Foi ainda neste período que emergiu a construção de
algumas estradas nacionais (ligação a Barcelos, Viana e Famalicão) e linhas de caminhos-de-ferro
(ligação ao Porto e Famalicão) e, em 1893, foi apresentado um projeto que
levaria à construção de dois eixos principais na zona balnear.

Do século XVIII é
visível a existência de núcleos originários da cidade e de uma lagoa (a poente
da Praça do Almada), a Lagoa do Boído que era o grande centro cívico da Póvoa
de Varzim. Em 1791, através de uma Provisão Régia, é proposta uma
reestruturação urbanística onde é projetada Praça do Almada com a configuração
que tem hoje. Esta época foi também marcada pela fixação habitacional junto à
costa e outras construções simbólicas como a Fortaleza de Nossa Senhora da
Conceição e a Igreja da Lapa.

No século XVI é percetível
a presença de dois núcleos distintos (Varazim de Jusão e Varazim de Susão) e no
século XIV destaque para a Ermida da Mata entre estes núcleos e entre duas
linhas de água, sendo que este último aspeto conferia maior ligação com o
divino.

Na terceira quarta-feira de cada mês, o Arquivo
Municipal convida o público a assistir a estas sessões que abordam sempre temas
diferentes e permitem conhecer melhor o concelho da Póvoa de Varzim.