Leonor Xavier dirigiu-se para uma plateia de cerca de 150 alunos, dizendo “gosto muito de vocês” e acrescentou que no mundo em que vivemos poder dizer alguma coisa a alguém é absolutamente fantástico. Recorrendo a um verso de Carlos Drummond de Andrade “amar aprende-se amando”, a escritora referiu que viver também se aprende vivendo pelo que considera que “não andamos nesta vida por acaso e há um sentido para andarmos por aqui”. Como palavra de eleição, Leonor Xavier revelou que anda muito fixada na palavra “pessoa”, “mexe muito comigo” e fá-la reflectir em questões como “Porquê que certas pessoas passam na nossa vida?” ou “O que é que as pessoas nos deixam na vida?”. Ainda a propósito das palavras, a escritora citou alguns amigos que diziam “As palavras são como plasticina porque podemos moldá-las” e “Todos os dias temos que levar palavras novas para casa”, confessando que “acho bonito que as palavras sejam um pouco de nós”.

Sobre a sua obra, Casas Contadas, que será apresentada esta tarde na Casa da Juventude, Leonor Xavier afirmou que se trata de uma autobiografia, em que cada capítulo corresponde a uma das casas onde viveu, no total 13, cinco delas no Brasil, acrescentando que as casas foram um pretexto para contar a sua vida.

Inês Pedrosa partilhou com o público que a sua ligação aos livros e à escrita começou muito cedo “a literatura é que me envergou a mim, ainda muito pequenina” e nunca pensou em desistir de escrever, vivendo sempre “na rede das palavras”. Questionada sobre planos para o futuro, a

escritora disse que “não sou de fazer projectos”, apenas “tenho sempre outro livro na cabeça quando termino um” e neste momento pensa no seu próximo lançamento que será em Abril. Sobre a dicotomia ficção/realidade, Inês Pedrosa afirmou que “Tenho cada vez mais dificuldade em distinguir a realidade da imaginação. A realidade é assombrosa e muito inspiradora; a ficção é a transfiguração da realidade.”

“Escrever é a coisa mais profunda que se faz na vida. Quando não escrevo não sou nada.” declarou Pablo Ramos para quem a escrita é um trabalho espiritual. O escritor argentino define-se como um “escritor moral” e justifica dizendo que escreve histórias nas quais as personagens têm que se confrontar e decidir porque, para si, “uma narrativa de qualidade é sempre moral” porque a própria vida é uma “aventura moral”. “A minha literatura é profundamente social” e retrata uma “realidade que me toca profundamente e se apresenta na minha ficção de modo estruturado”, numa mescla de místico e compromisso político e social, acrescentou Pablo Ramos.

A propósito de “A voz das Palavras”, Manuel Rui referiu que “as palavras só o são quando convivem umas com as outras” e lembrou que há palavras escritas e palavras ditas acrescentando que em relação às últimas “tem-se desperdiçado muito a voz”. O escritor angolano considera que “é preciso haver mais contacto directo entre as pessoas”.

Para além da partilha dos escritores, a sessão contou também com a actuação do coro da Escola Secundária Rocha Peixoto que presenteou os escritores com algumas músicas.