“Para escapar ao anonimato de uma vida comum, à solidão da escrita e ao esquecimento dos futuros leitores, o narrador de Uma Mentira Mil Vezes Repetida inventou uma obra monumental, um autor – um judeu húngaro com uma vida aventurosa – e uma miríade de personagens e de histórias que narra entusiasticamente a quem ao pé dele se senta nos transportes públicos. Assim vai desfiando as andanças literárias de Marcos Sacatepequez e o seu singular destino, a desgraça do Homem-Zebra de Polvorosa, o caos postal de Granada, a maldição do marinheiro Albrecht e as memórias do velho Afonso Cão, amigo de Cassiano Consciência, advogado e proprietário do único exemplar conhecido de Cidade Conquistada, a obra-prima de Oscar Schidinski. Enquanto o autocarro se aproxima de Cedofeita, ou pára na rua do Bolhão, quem o escuta viaja do Belize a Budapeste, passando pelas Honduras, por estâncias alpinas, por Toulon ou por Lisboa. Mas se o nosso narrador não encontrou a glória – senão por breves momentos e na mente alheada de quem cumpre uma rotina – talvez tenha encontrado o amor. Ou será ele também inventado?”

Manuel Jorge Marmelo nasceu em 1971, no Porto. Estreou-se na literatura em 1996 e publicou, de então para cá, mais de vinte títulos, entre os quais se contam os romances Uma Mentira Mil Vezes Repetida, Somos Todos Um Bocado Ciganos, Aonde o Vento Me Levar, Os Fantasmas de Pessoa e As Sereias do Mindelo. Em 2005 conquistou o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco com o livro O Silêncio de Um Homem Só. Em 2013 lançou uma nova coletânea de contos, Zero à Esquerda, bem como Crónicas do Autocarro, uma recolha de crónicas.