A Casa Espanhola assinalou os 100 anos de existência e a Câmara Municipal reconheceu-a como uma das mais antigas e respeitadas referências comerciais da cidade, fundada em 1919 por Alejandro Flores Baquero e sempre na posse dos seus descendentes ao longo desta centúria.
A comemoração do centenário assinalou-se no passado sábado, 9 de novembro, com o descerramento de placa comemorativa oferecida pelo Município no interior do estabelecimento e inauguração da exposição “Uma Loja com História – Centenário da Casa Espanhola”, no Museu Municipal.
O Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, marcou presente nas iniciativas, assim como o Vice-Presidente, Luís Diamantino.
O edil reconheceu que não é muito comum um estabelecimento comercial festejar 100 anos de existência, apesar de na Póvoa de Varzim já existirem alguns. “É a história da Póvoa que aqui está”, constatou, destacando o facto de “estarem presentes praticamente todas as funcionárias que trabalharam na loja, ao longo do tempo, revelando o bom relacionamento que havia e a escola de vida que foi a Casa Espanhola”.
O Presidente da Câmara revelou que tem a felicidade de conhecer a loja desde 1965, recordando a relação de amizade que tem desde a juventude com a família proprietária: “fui-me habituando a conhecer esta casa e a família”.
Neste sentido, Aires Pereira transmitiu que “isto é que faz a história das terras e faz a diferença”, agradecendo à família “por ainda persistir em manter a aporta aberta e pela forma como têm preservado a casa. Está aqui muito da história do comércio português”, acrescentando que “esta retrosaria está na memória de praticamente todas as famílias poveiras”.
O edil considera tratar-se de “um momento único” e fez “votos para que enquanto a família conseguir ter condições para manter a porta aberta que o faça porque isto dá uma forma diferente de vivermos a Rua da Junqueira e de nos identificarmos”.
Aires Pereira reconheceu ainda que só é possível a Casa Espanhola manter-se de portas abertas graças à resiliência da família, acrescentando que a existências destas casas centenárias “quer muito dizer da vivência própria que a terra tem e que consegue criar condições para que estes negócios continuem, pois, os poveiros são muito orgulhosos das suas tradições e memórias”.
José Flores, em representação da família proprietária, revelou tratar-se de um dia de “muita emoção, a recordar os seus antepassados: os meus avós, que não conheci, e os meus pais, que já faleceram há muito”. Reconheceu também estar emocionado pela presença das funcionárias que ao longo dos tempos serviram esta casa e também sempre a sentiram como sua.
José Flores explicou que foi o seu avô, Alejandro Flores Baquero, quem fundou a Casa Espanhola em 1919, e já antes de abrir o negócio vinha à Póvoa de Varzim vender rendas e daí a alcunha de “rendeiros” dado a esta família. Revelou que o estabelecimento, que já vai na 5ª geração da família, teve outra localização na Rua da Junqueira.
Apesarem de terem outras profissões, José Flores e a irmã dedicam-se à “manutenção da tradição deste negócio”, e fazem-no “com todo o ânimo e gosto”.
Da Rua da Junqueira para o Museu Municipal, seguiu-se uma visita guiada à exposição “Uma Loja com História – Centenário da Casa Espanhola”, por José Flores, que referiu tratar-se de uma “viagem à descoberta das raízes sendo que muita coisa se perdeu ao longo do tempo”.
Através da exposição pretende-se abordar a história deste estabelecimento comercial e a importância do mesmo no contexto do comércio local e da sociedade poveira, durante o século XX. Este facto merece destaque pelo que representa de resiliência económica e preservação de memórias da comunidade.
