O uso de camisolas de lã por parte de pescadores poveiros encontra-se documentada em pinturas antigas (como os ex-votos oferecidos por pescadores a Nossa Senhora da Abadia, em Amares, no séc. XVIII) e em gravuras, pinturas e fotografias dos séculos XIX e XX. Nas representações mais remotas, é percetível a cor esbranquiçada e o corte simples e clássico da peça, sendo somente a partir de oitocentos que os bordados começam a ter uma leitura clara. Com a vulgarização dos impressos coloridos, passaram a ser identificáveis as cores vermelha e preta, que encontramos já em bordados por toda a Península Ibérica no século XV e XVI. Outros elementos arcaizantes, como o corte retilíneo (mesmo na zona das cavas) e a abertura fechada com atilhos, também aparentam ser permanências do período áureo dos Descobrimentos portugueses.

Nas ilustrações mais antigas, torna-se evidente que o espaço decorado era bem menor do que na atualidade, sendo, aparentemente, realizado em “ponto cruz” e “ponto lançado”. Os bordados, no séc. XIX, incluíam os tradicionais e populares lavores portugueses, tais como, flores, pássaros, brasões e motivos decorativos, vegetalistas ou geométricos. Com o fluir do tempo, os bordados foram ocupando uma maior área e tornaram-se mais complexos, passando a incluir motivos marinhos, siglas e nomes, com as respetivas alcunhas, como aconteceu com os banheiros da praia da Póvoa que as usavam como elementos identitários e promocionais.

António dos Santos Graça, em 1936, escolheu a camisola bordada para a “farda” do Rancho Poveiro por considerar ser esta a mais característica do pescador. Para além da projeção assim obtida, a camisola foi também profusamente utilizada no filme Ala Arriba, facto que contribuiu para a sua difusão internacional. O sucesso foi particularmente expressivo nas décadas de 1960 e 1970, quando a “camisola poveira” foi produzida em grande quantidade, tendo como destino as lojas locais, e, principalmente, a exportação.