Depois de inaugurada a 38ª edição do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim pelo musicólogo Rui Vieira Nery (fotogaleria) que, no Museu Municipal, falou sobre «Poder e Contrapoder na História da Música», segue-se a música antiga.

“La Grande Chapelle” é um agrupamento vocal e instrumental de música antiga com vocação europeia. A sua designação inspira-se na da célebre capela musical da Casa de Borgonha e, posteriormente, de Habsburgo, que serviu o ramo espanhol até ao século XVII (conhecida também por “capilla flamenca”), e em cuja direcção estiveram mestres como N. Gombert, F. Rogier o M. Romero. Como na sua época, La Grande Chapelle é formada por experientes intérpretes procedentes de diferentes países europeus. Esta heterogeneidade do plantel constitui um selo distintivo do conjunto, que evita a uniformidade tímbrica e dá prioridade aos relevos sonoros.

É na música sacra que se centra primordialmente o interesse de La Grande Chapelle. O seu principal objetivo é realizar uma nova leitura das grandes obras vocais espanholas dos séculos XVI a XVIII, com especial predileção pela produção policoral do Barroco. Ao mesmo tempo, tem o propósito de contribuir para o premente labor de recuperação do repertório musical espanhol. Daí que, desde o início, se estimule a investigação (aprovisionamento de materiais, inventário, estudo e transcrição), a estreia de repertório desconhecido, a gravação discográfica, incluindo a edição de obras de acordo com a metodología científica mais testada.

Entre os esforços de recuperação musical realizados por La Grande Chapelle destacam-se o Oficio de Defuntos na Catedral do México (ca. 1700) (Festival de Úbeda y Baeza, 2005), música litúrgica de Domenico Scarlatti (Festival de Arte Sacro de Madrid, 2007), a zarzuela Briseida de Antonio Rodríguez de Hita (Via Stellae de Santiago de Compostela, 2007), o auto sacramental La Paz Universal ó El Lirio y la Azucena de Calderón de la Barca / Peyró (Semana de Música de Cuenca, 2008), Compendio sucinto de la revolución española (1815) de Ramón Garay (SECC, 2009), obras sacras de José Lidón y Manuel J. Doyagüe (Arte Sacro de Madrid, 2009), In Dominica Palmarum de Juan García de Salazar (Festival Pórtico de Zamora, 2010), o Te Deum de Nicolás Zabala (Consorcio para la Conmemoración de la Constitución de 1812), monográfico Alonso Juárez (Semana de Música de Cuenca, 2013), a Missa Scala Aretina de Francesc Valls (Festival de Música Antiga dels Pirineus, 2013), Guineos, Villancicos de negros en las catedrales latinoamericanas (Festival d’Ile de France, 2014), etc.

La Grande Chapelle atuou nos principais ciclos de Espanha e nos festivais de Picardie, Haut-Jura, Musica Sacra Maastricht, Laus Polyphoniae de Amberes, Rencontres musicales de Noirlac, OsterKlang-Festival (Theater an der Wien) de Viena, Cervantino de Guanajuato, Radio France et Montpellier, Ribeauvillé, Saint-Michel en Thiérache, Ravena, Saintes, Ile de France, Van Vlaanderen (Malines), Lyon, nas temporadas de la Cité de la Musique de Paris ou  UNAM de México (Sala Nezahualcóyotl), entre outros.

Pela sua qualidade e rigor artísticos, os discos de La Grande Chapelle / Lauda têm obtido galardões e prémios nacionais e internacionais de reconhecido prestígio no mundo da música antiga, tais como dois “Orphées d’Or” (Academia do Disco Lírico de Paris, em 2007 e 2009), “Disco do ano” dos “Prelude Classical Music Awards 2007” (Holanda), “5 de Diapason”, CD Excepcional de Scherzo, “Choc de Classica”, “Editor’s Choice” da Gramophone, “4 stars” da BBC Magazine, etc. O CD sobre La fiesta de Pascua en Piazza Navona foi galardoado com o “Preis der deutschen Schallplattenkritik” (PdSK), o prestigioso Prémio da Crítica Discográfica Alemã, na categoría de Música Antiga (Bestenliste 4-2012) e o “Critic’s Choice” (selecção da crítica) da célebre revista britânica Gramophone.

Em 2010, recebeu o I Premio FestClásica (Associação Espanhola de Festivais de Música Clássica), pela contribuição para a interpretação e recuperação de música inédita espanhola.

O FIMPV 2016 propõe a divulgação da música de 68 compositores, entre os quais 12 portugueses e diversos autores anónimos, da Idade Média à contemporaneidade. Num total de 170 intérpretes, 110 são portugueses e os restantes provêm da Espanha, França, Grã-Bretanha, Federação Russa e Suíça. Esta 38ª edição do FIMPV é organizada pela Associação Pró-Música da Póvoa de Varzim e conta com os apoios estruturantes da Direcção-Geral das Artes (Ministério da Cultura), da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e do Turismo de Portugal, I. P., bem como de patrocínios e serviços de diversas empresas, ao abrigo de Lei do Mecenato.

Consulte o programa completo do 38º Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim.

O preço dos bilhetes é de 3,00€ por espetáculo. A aquisição de bilhetes poderá ser feita a partir de 1 de julho, de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, na receção da Escola de Música. Poderá ainda obter informações através dos telefones 252 614 145 ou 965 342 139.