O escritor moçambicano
esteve, uma vez mais na nossa cidade e assumiu que “é uma felicidade renovada
estar na Póvoa de Varzim” acrescentando que se sente muito bem aqui. Mia Couto
disse que se sentia feliz pela família alargada que sempre encontra na Póvoa,
com a qual existe um laço que se foi reforçando. A satisfação por este encontro
é recíproca e Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, também a
manifestou afirmando que “da Póvoa de Varzim, Mia Couto tem tudo o que quiser e
é com muito agrado e carinho que o recebemos”. “Mia Couto faz parte do nosso
movimento organizado de escritores”, acrescentou Luís Diamantino.

Zeferino Coelho, da
Caminho, editora portuguesa de Mia Couto, acompanha o escritor pelo país no
lançamento deste livro e reconheceu o êxito conseguido em mais uma obra.

jesusalem

Sobre
Jesusalém
, Mia Couto revelou que se trata de “uma história que tem muitas
histórias, que reflecte a dificuldade sentida em relacionarmo-nos com o tempo
já vivido que ou é uma mentira ou é algo encrostado em nós”. O protagonista da
história é Silvestre Vitalício, que transporta os filhos – Mwanito e Ntunzi –
para um lugar fora da vida, a que dá o nome de Jesusalém. É ele quem define as fronteiras do seu mundo e ninguém
está autorizado a entrar nesse território, onde tudo é baptizado de novo. Só
Mwanito não é renomeado, ele é ao mesmo tempo a terra como personagem, é
portador de memórias que nos chegam de forma confusa. E sobre esta personagem,
designada como “afinador de silêncios”, Mia Couto confessou que “tem um pouco
de mim. Na minha família, eu era o que estava calado”, criando expectativa da
parte do pai perante esse silêncio. “Em África, os silêncios são parte da
conversa. O silêncio é uma outra maneira da palavra viver e há coisas que não
podem ser ditas de outra maneira”, concluiu o escritor moçambicano.