Conforme revelou João Marques, Diretor artístico e coordenador-geral do FIMPV, o evento consolidou o seu prestígio, ao conseguir apresentar espetáculos de elevada qualidade, prestou o seu habitual apoio ao lançamento de jovens músicos e apoiou a criação da nova música portuguesa (uma obra de António Chagas Rosa em estreia numa versão para soprano e orquestra de câmara). Para além disso, apresentou em estreia em Portugal uma versão de Serge Olive da 4ª Sinfonia de Gustav Mahler (orquestra de câmara), e conseguiu manter a afluência do público habitual e – tudo leva a crer – terá suscitado a curiosidade do público mais jovem para a beleza e o alcance cultural que a boa música pode proporcionar.  

Constata-se que houve espetáculos excecionais (dignos das salas mais cotadas a nível internacional): Coro Gulbenkian sob direção do lendário Michel Corboz, Luísa Tender, Pavel Haas Quartet, La Morra, Huelgas Ensemble e Gli Incogniti (67% dos espetáculos), a que se deverá acrescentar a notável conferência de Rui Vieira Nery.

A lição dada pelo musicólogo, na conferência de abertura, foi um dos momentos mais aplaudidos pelo público no FIMPV. Sobre Ravel, Nery revelou que “foi um compositor muito complexo e difícil de perceber que se soube emancipar sem precisar de fazer o mesmo que compositores mais experimentais. Há, em si, uma noção de rutura necessária e uma procura de vários meios para dar o salto. A descoberta de músicas exóticas e abertura à música de cabaret, folclore e da infância marcaram o seu percurso e fazem dele um génio inspirador de paixão. Ficamos magnetizados com a sua música”. Há uma espécie de otimismo, de que há um lado bom da humanidade que vai sobreviver a todas as crises, assinalou Nery, acrescentando a importância espiritual de Ravel para além da cultural e artística. Por isso, vale a pena celebrar os 75 anos da sua morte.

Assinale-se ainda a honrosa prestação dos nossos jovens músicos, as dos dois agrupamentos residentes do FIMPV e os galardoados com o “Prémio Jovens Músicos 2011” da Antena 2.

As anunciadas Manifestações Paralelas do FIMPV foram integralmente concretizadas: masterclasses, exposições diversas, concertos pelos vencedores dos Concursos de Piano e Trompete da Póvoa de Varzim (2012) e concertos informais por alunos da Escola de Música da Póvoa de Varzim, que, inclusivamente, atuaram nas emissões que a Antena 2 realizou em direto para todo o país, nas tardes de 19 e 20 de julho.  

Uma conferência e nove concertos, para além das diversas iniciativas paralelas, foram o êxito de mais uma edição de um evento que, após 34 anos, continua a seduzir e a atrair milhares de espectadores. Recorde os momentos do 34º Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim, aqui.