O orador
informou que a Criadora das Misericórdias em Portugal foi a Rainha D. Leonor e
que estas instituições de solidariedade tinham como modelo de regência o
Compromisso da Misericórdia de Lisboa. É segundo este Compromisso que devem ser
exercidas as obras de misericórdia corporais (dar de comer a quem tem fome; dar
de beber a quem tem sede; vestir os nus; dar pousada aos peregrinos; assistir
aos enfermos; visitar os presos; enterrar os mortos) e espirituais (dar bom
conselho; ensinar os ignorantes; corrigir os que erram; consolar os aflitos; perdoar
as injúrias; sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; rogar a Deus
por vivos e defuntos).

Sobre a
criação da instituição na nossa cidade, Humberto Fernandes referiu que nasceu
por vontade do povo e do senado a 23 de Maio de 1756 para socorrer todos os
indigentes, tornando-se na principal instituição de assistência e de caridade
da vila. A Póvoa
de Varzim era uma Póvoa marítima, em que a maioria da população se dedicava à
pesca, estando por isso muito dependente das condições climatéricas que
originavam algumas fomes e consequentes doenças e outras dificuldades no quotidiano
das populações.

A
fundação de uma Misericórdia exigia a existência de um templo anexo, esclareceu
Humberto Fernandes, informando que foi a partir dos restos arquitectónicos da
primitiva Igreja Matriz da Póvoa que surgiu a ermida da Mata, no século XVI.
Deste modo, salvou-se a Igreja Matriz da demolição e a nova Igreja passou a
fazer parte do património da Santa Casa.

Para
singrar, a instituição beneficiou de duas ajudas fundamentais: o espólio da
Confraria dos Santos Passos e o contributo monetário dos pescadores que tiravam
parte do rendimento do pescado para a Santa Casa da Misericórdia. Primordial
foi ainda o auxílio pecuniário de Maria Fernandes, uma senhora rica que doou parte da
sua fortuna à instituição sendo-lhe atribuído o título de primeira doadora da
Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Varzim.

No
século XIX, a instituição construiu o hospital que foi considerado um serviço
de saúde exemplar para a altura, acrescentou Humberto Fernandes.

Em Maio, há nova À quarta (h)à conversa, dia 19, sobre “O Jogo da Pela na Póvoa de
Varzim”, com Noémia Ferreira de Castro.