Na cerimónia estiveram presentes José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Armindo Ferreira, Presidente da Junta de Freguesia de Rates, Joselito Pereira Nascimento, Presidente da Câmara Municipal da Mata de São João e Alexandre Rossi, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Mata de São João.

Armindo Ferreira referiu que neste acordo prevaleceu “a voz do afecto, o apelo do coração e a presença da memória”, motivos que levam os dois povos a assumirem uma relação exemplar de povos irmãos. “Trata-se de uma geminação diferente porque tem como primeira razão o afecto e a ligação histórica”, acrescentou o Presidente da Junta lembrando que entre S. Pedro de Rates e a cidade da Mata de São João, no Brasil, existem, efectivamente, laços históricos e culturais muito fortes, que aconselham e potenciam um projecto de partilha de objectivos, visando a satisfação de interesses e necessidades recíprocos. Armindo Ferreira explicou que na origem desta afinidade está o facto de em S. Pedro de Rates ter nascido Garcia d’Ávila, filho do também ratense Tomé de Sousa, 1º Governador-Geral do Brasil e fundador da cidade de Salvador. Em 1549, pai e filho integraram a expedição que, cumprindo o mandato régio, disciplinou a vida política e administrativa da colónia e, desse modo, impediu a desagregação do seu mesmo território. Garcia d’Ávila foi nomeado por Tomé de Sousa “feitor e almoxarife da Cidade de Salvador e da Alfândega”, e fundaria, a norte da Baía, a cidade da Mata de São João, a partir da qual se fez o primeiro Bandeirante do Norte e construiu o maior feudo do mundo. Por via do seu casamento com uma nativa, deu origem à miscigenação que sintetiza e define a condição brasileira. Nunca esquecendo a sua origem, Garcia d’Ávila denominou “Torre Singela de São Pedro de Rates” o primeiro baluarte de defesa e sinalização do Brasil, edificado em 1551 no porto de Tatuapara. Ao falecer, em 1609, era o maior potentado da colónia (o seu latifúndio atingiu uma área equivalente a 1/10 do território brasileiro). Foi Vereador do Senado da Câmara e uma das mais importantes figuras políticas do seu tempo.

“É, pois, natural que, sobre estes laços históricos, se construa uma relação que potencie esta familiaridade como oportunidade de futuro”, referiu. “E que, concretamente, possibilite aos cidadãos de ambos os lados, mediante protocolos ou parcerias, viverem a cultura da comunidade-irmã; estimule o desenvolvimento de relações económicas; favoreça o intercâmbio e a troca de informação nas áreas da administração pública, da educação, da cultura, do meio ambiente, da saúde, e outras; incentive a permuta de projectos de criatividade artística e de investigação histórica”.

“Hoje, mais do que um ponto de chegada, marca-se o início de uma partida. Mais do que a recuperação de um passado que não vivemos é um promissor futuro” revelou Armindo Ferreira adiantando que “estão já alinhavados alguns negócios que avançarão nos próximos tempos e irão contribuir positivamente para a economia de ambas”.

acordo rates

Enfatizando os laços históricos que existem entre as duas comunidades, Alexandre Rossi mostrou-se bastante emocionado com o momento que definiu como “a realização de um sonho de muitos anos”. O Vice-Presidente considera que a proclamação deste acordo trará “um novo tempo para ambas” do qual prevê o desenvolvimento de programas de cooperação e fomento de intercâmbio económico.

A emoção marcou também o discurso de Joselino Nascimento que se referiu a este acto como “um momento ímpar na minha vida”, de enorme importância para si, para a sua cidade, para o seu estado e para o seu país. O Presidente demonstrou “muita satisfação e honra em saber que estão aqui os nossos antepassados” afirmando que “estamos aqui para conhecer um pouco da nossa história” e, sobre o que conheceu em São Pedro de Rates, Joselino Nascimento considera que a freguesia possui “um acervo cultural sem preço”.

Macedo Vieira realçou a importância dos processos de geminação entre cidades na integração de Portugal no Mundo porque através destes acordos a vida dos jovens ficou muito mais facilitada, permitindo-lhes uma maior abertura para intercâmbios culturais. Macedo Vieira destacou também a relevância do afecto e da descoberta das nossas raízes, valores subjacentes aos acordos de geminação. Em relação aos negócios, o Presidente afirmou que Portugal tem muito a aprender com o Brasil, acrescentando que é preciso que o nosso país vá à procura. “Não nos resignemos que os nossos filhos emigrem” foi o apelo lançado por Macedo Vieira lembrando que é necessário aproveitar a economia de outros países como o Brasil que considera ser um exemplo para o mundo. Assinalando que a Póvoa de Varzim tem muito a ver com o Brasil, o autarca manifestou que espera que este acordo seja o ponto de partida para muitas iniciativas e que esta geminação seja um exemplo de dinamismo e crescimento para as duas cidades entre dois povos irmãos.

Para além dos discursos institucionais e da leitura do acordo de proclamação de comunidades-irmãs, a cerimónia ficou marcada por momentos musicais com destaque para a interpretação do hino do Brasil e do hino de Portugal. O momento foi também de troca de lembranças que serão marcos de união entre duas comunidades fisicamente tão distantes.