Os protagonistas foram Bangladesh, talvez e outras histórias, de Eric Nepomuceno; Gungunghana, de Ungulani Ba Ka Khosa e Arder a palavra e outros incêndios, de Ana Luísa Amaral.

Os escritores, acompanhados das editoras, fizeram um resumo da história de cada livro e a Sala de Atos foi pequena, pois foram muitos os que quiseram assistir.

Começando por Bangladesh, talvez e outras histórias tem uma escrita cadenciada ao ritmo dos silêncios, um homem invariavelmente só, como a casa branca que se ergue sempre no cimo de uma colina, tudo espiando. As mulheres, as de toda a vida, e as outras, incapazes de preencher um vazio que se preenche a si mesmo, num mosaico de histórias densas, concisas e intensas, de um escritor que prefere desarticular a realidade, dizendo menos e sugerindo mais. Nelas se vê a clara influência do universo literário latino-americano, a única e verdadeira geografia de Eric Nepomuceno.

Seguidamente, em 1987, Ungulani Ba Ka Khosa inscrever-se-ia de forma indelével no cânone da literatura moçambicana com a publicação de Ualalapi, um romance de estreia tão perturbador quanto fascinante, eleito um dos cem melhores romances africanos do século XX.

Gungunhana, o último imperador de Gaza, parte atual de Moçambique, subiu ao poder quando Ualalapi, nome de um guerreiro nguni, matou o seu irmão, Mafemane. Famoso pela resistência que opôs aos Portugueses, Gungunhana reinou de 1884 até 28 de dezembro de 1895, dia em que foi feito prisioneiro por Mouzinho de Albuquerque, transportado para Lisboa e posteriormente enviado para os Açores, onde viveria em exílio até ao final dos seus dias.

Nesta edição, à história deste imperador – a sua ascensão e queda – junta-se a narração ficcionada das vidas das mulheres que o acompanharam na sua viagem e que regressaram ao solo pátrio em 1911, depois de longos e tortuosos quinze anos de exílio.

Com As Mulheres do Imperador, Ungulani Ba Ka Khosa fecha o ciclo dedicado a esta figura histórica ímpar, celebrando os seus trinta anos de escrita com um tributo – merecido – às mulheres, sempre secundarizadas pela História.

Ana Luísa Amaral também lançou um livro recente, Arder as palavras, e outros incêndios Neste primeiro grupo de ensaios, não irei tanto oferecer respostas quanto levantar hipóteses e questões que se prendem com a os estudos feministas e a teoria queer, as relações entre género, sexo e sexualidades e conceitos como o corpo e a construção (e des-construção) de identidades. O que me interessa é tentar entender como estas novas problematizações relativas à questão das identidades e do corpo são produtivas do ponto de vista literário, particularmente no que se refere ao fenómeno poético. São dois os problemas que aqui enunciarei: até que ponto podemos falar de uma identidade de mulher no texto poético; não será o poético (no sentido lato do termo) o espaço privilegiado para discutir a não existência de uma identidade estável e, portanto, a metamorfose, sempre? Para desenvolver estas ideias, necessito, porém, de falar um pouco da evolução (e con­vi­vên­cia hoje) de feminismos e da teoria queer, que se constituem numa relação crítica com uma série de novas formações e novas molduras sociais e culturais.

Amanhã haverá o lançamento de mais três livros na Sala de Atos, do Cine-Teatro Garrett.  São eles, Deixarás a Terra, de Renato Cisneros; Gente Séria, de Hugo Mezena e Um muro no meio do caminho, de Julieta Monginho.

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