A sessão de
apresentação, que contou com casa cheia, arrancou com a leitura, por parte de
Andreia Macedo, de trechos de M’Africando, também de autoria de José Cavalheiro
Homem, permitindo assim, uma introdução à escrita do autor.

Trilhos propõe uma viagem-metáfora pela Vida, onde
o herói da narrativa explora as suas experiências de vida a bordo de um Unimog,
veículo militar recuperado de uma sucata e que durante anos “serviu” a Guerra
do Ultramar.

Aurelino Costa, um
dos convidados da sessão, vê Trilhos
“como um livro de interrogação”, onde um homem se questiona “sobre o seu
percurso” e onde é Vida é analisada usando a “metáfora da viagem”.  “O mundo em que vivemos é uma construção”,
afirmou, defendendo a necessidade de se “meditar sobre si próprio”, num
processo de descontrução para se construir. “Onde está o Ser e onde está a
Coisa” é uma das interrogações que Trilhos
explora, propondo José Cavalheiro Homem “uma viagem iniciática de ligação à
Coisa e ao Corpo”, sendo, no livro, a Coisa o condutor e o Corpo o Unimog.

João Luís,
responsável pela edição do livro sobre a chancela da Arcano Zero, explicou que Trilhos é o primeiro livro da editora.
“Não sei se foi a editora que escolheu José Cavalheiro Homem ou se foi o autor
que apostou na editora”, gracejou, explicando ainda que esta nova editora se
dedica a publicar exclusivamente textos de ordem espiritual. Repescando uma discussão
que teve com o autor, no contexto da astrologia, sobre determinismo e
livre-arbítrio, João Luís vê Trilhos
como resultado dessa conversa. “É preciso mais do que uma leitura para se
extrair tudo o que há para extrair”, analisou, extrapolando a metáfora da viagem
de Trilhos e aplicando-a ao
dia-a-dia, dizendo que “conta mais a viagem do que o destino”.

Como forma de
agradecimento “porque vocês tiveram o trabalho de vir até aqui”, José
Cavalheiro Homem predispôs-se a oferecer dicas para a leitura do seu recente
livro. A capa, porta de entrada para o conteúdo da obra, mereceu a atenção do autor,
que se congratulou pelo facto de lhe ter sido permitido produzir a capa “que
quis e as capas são tão importantes como aquilo que escrevo”. E dando conta das
letras em relevo que aparecem na contracapa, José Cavalheiro Homem explicou o
objectivo: “passa a mensagem de que existe mais por trás, que está noutro sentido
e que cada um interpreta à sua maneira”.

Trilhos é uma
viagem, “foi feita por mim, com um carro meio avariado. Comecei à noite e
acabei à noite, a chover o dia todo. E nunca me senti sozinho”, esclareceu. “Toda
a viagem é composta de três componentes: veículo, condutor e passageiro, que
pode ser uma mercadoria, uma missão, um projecto, uma ideia. Por isso em cada
viagem, cada vida, existem as três componentes: veículo, condutor e projecto.”,
concluiu.

A terminar a sua intervenção, José Cavalheiro Homem
anunciou ainda que os lucros resultantes dos Direitos de Autor revertem a favor
da Associação e Centro de Apoio à Terceira Idade de Santo Estêvão, situada “na
mais bela terra do mundo”, Chancelaria, local onde o condutor de Trilhos termina a sua viagem.