«Um quarteto de cordas clássico que pode sem esforço metamorfosear-se numa jazz-band», assim intitulava o New York Times o seu artigo após uma apresentação pública do Quatuor Ebène em março de 2009. Maravilhado, o crítico descreve como os quatro músicos tocaram Haydn e Debussy, primeiro, para passar em seguida, após o intervalo, ao seu arranjo da música do filme “Pulp Fiction”, a uma improvisação sobre “Spain” de Chick Corea, e acabar, em rapel, por revelar as vozes de um excelente quarteto a cappella.

Nenhuma dúvida: estes quatro franceses têm classe. Talvez sejam considerados o grupo mais polivalente no panorama internacional da música de câmara. Nenhuma outra formação evoluiu de modo tão soberano e entusiástico entre diferentes estilos como os Ebène. Mais inabitual no mundo da música de câmara, esta acrobacia de um estilo para outro pode deparar inicialmente com alguma desconfiança, certamente devido ao abuso do termo “crossover” que esconde o medíocre e o supérfluo. Contudo, com os Ebène, trata-se de outra coisa: quando criam um projeto, é com gosto e integridade.

O seu repertório tradicional não se ressente de modo algum deste amor pelo jazz. Bem pelo contrário: fica-se por vezes com a impressão de que o facto de se debruçarem sobre a “outra face” da música os inspiraria também nos seus litígios com as obras clássicas.

Há nos concertos da formação francesa um arrebatamento muito particular, um ardor que tão bem assenta à música de câmara moderna. Porque estes jovens músicos de coração inflamado pela tradição conseguem apaixonar e cativar os jovens ouvintes para este género tão particular que é o quarteto de cordas. O seu desempenho é tão convincente, a sua apresentação tão carismática, que não se pode simplesmente escapar à magia das obras-primas.

O Quatuor Ebène saltou etapas assim: após estudos na classe do Quatuor Ysaye em Paris e depois junto de mestres como Gábor Takács, Eberhard Feltz e György Kurtág, a formação, fundada em 1999, fez furor em 2004 aquando do Concurso Internacional da ARD em Munique onde obteve o primeiro prémio assim como cinco prémios especiais. Em 2005, o quarteto foi laureado com o Prémio Belmont da Fundação Forberg-Schneider que permaneceu, depois, estreitamente ligada aos músicos. Esta fundação conseguiu maravilhosos instrumentos antigos, italianos, que foram colocados à sua disposição por um particular.

De excelente jovem formação, o Quatuor Ebène passou para a categoria de quarteto de primeiro plano internacional.

Enfim, o último CD do quarteto, «Felix & Fanny» surgiu no início de 2013 na EMI. Inclui o único quarteto composto por Fanny Mendelssohn, bem como os quartetos op. 13 e op. 80 de Felix Mendelssohn.

 

E a 36ª edição do FIMPV chega ao fim com o agrupamento vocal e instrumental L’Arpeggiata, sob a direção musical de Christina Pluhar, que irá atuar na Igreja Matriz, a 29 de julho.

Adotando o nome de uma toccata do compositor alemão nascido em Itália, Girolamo Kapsberger, Christina Pluhar dava o tom que presidiria ao destino do seu agrupamento vocal e instrumental, l’Arpeggiata, que ela funda no ano 2000.

L’Arpeggiata reúne artistas de diferentes horizontes musicais, estabelecidos de um e de outro lado da Europa e do mundo, à volta de programas-projectos, sabiamente preparados por Christina Pluhar ao sabor das suas pesquisas musicológicas, dos seus encontros, da curiosidade que a anima e do seu incomensurável talento. A sonoridade do agrupamento, que se constituiu à volta das cordas beliscadas, é imediatamente identificável.

Desde a sua criação, L’Arpeggiata tem por vocação explorar a rica música do repertório pouco conhecido dos compositores romanos, napolitanos e espanhóis do primeiro barroco. O conjunto atribuiu como seus fios condutores a improvisação instrumental e a pesquisa sobre o instrumentarium na mais pura tradição barroca, assim como a criação e a encenação de espetáculos «acontecimentos». Favorece assim o encontro da música e do canto de outras disciplinas barrocas, indissociáveis no seu tempo, tais como a dança e o teatro, e a abertura para géneros musicais variados, como o jazz e as músicas tradicionais.

Verdadeiros convites para o sonho, os programas de l’Arpeggiata são surpreendentes, inesperados, e dão ao barroco o seu sentido original: uma pérola de forma irregular (século XVI), um elemento surpreendente (século XVIII). As obras da época barroca oferecem a l’Arpeggiata um escrínio de liberdade onde desabrocham os artistas vindos daqui e dali, em que se misturam géneros e tradições, fazendo de cada concerto um encontro único.

Em Junho de 2011, l’Arpeggiata estreou a ópera desconhecida de Giovanni Andrea Bontempi, Il Paride (1662) no Musikfestspiele Potsdam Sanssouci, numa encenação de Christoph von Bernuth. A ópera foi novamente apresentada em Agosto de 2012 nos Innsbrucker Festwochen der Alten Musik.

Tanto em França como no estrangeiro, o trabalho de l’Arpeggiata é unanimemente e constantemente saudado pela crítica e pelo público.

O último álbum de l’Arpeggiata, «Mediterraneo», publicado em março de 2013, é dedicado às músicas tradicionais da bacia mediterrânica, representada nomeadamente pela estrela do fado Mísia.

O disco «Music for a while – Purcell goes Jazz» cuja publicação se deu em fevereio de 2014 volta a contar com a colaboração de Philippe Jaroussky, entre outros.

Estreado em Março de 2011, o filme Tous les soleils, realizado pelo escritor Philippe Claudel, inspirou-se na música do disco «La Tarantella». Dois títulos do álbum foram então regravados com a voz do ator Stefano Accorsi.

L’Arpeggiata é apoiado pelo Conselho regional d’Ile-de-France et pela Fondation Orange. Para os seus projetos, obteve o suporte de l’Onda, da Spedidam, de l’Adami, de Culturesfrance.

L’Arpeggiata é membro da Fevis (Fédération des Ensembles Vocaux et Instrumentaux Spécialisés) e do PROFEDIM – Syndicat Professionnel des Producteurs, Festivals, Ensembles, Diffuseurs Indépendants de Musique.

 

Informações:

Os concertos têm início às 21h45.

O preço dos bilhetes avulso para jovens até aos 25 anos e pessoas com mais de 65 é €4,00 e os bilhetes avulso normais custam €6,00.

Se pretender fazer aquisição dos mesmos em Grupo (mínimo de 4 bilhetes) tem o custo de €4,00 (cada) e a Assinatura (série de 15 bilhetes para os quinze espetáculos) de €25,00 com oferta de brochura.

Poderá adquirir os bilhetes nos seguintes locais: Serviço de Turismo da Póvoa de Varzim (desde 1 de julho, das 09h00 às 19h00, de segunda a sexta-feira; aos sábados e domingos, das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00); Secretariado do Festival (desde 1 de Julho, das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30 (de segunda a sexta-feira), na receção ou através do telefone 252 614 145 ou segunda a domingo: 14h00 às 20h00 através do telemóvel 939 751 434 (só para reserva de bilhetes) e ainda Auditório Municipal, Cine-Teatro Garrett, Igrejas Matriz, Misericórdia e Românica de S. Pedro de Rates, no próprio dia de cada espetáculo, a partir das 20h30.

Acompanhe a 36ª edição do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim no portal municipal.