Já passava da meia-noite quando os três convidados da 19ª edição do Correntes d’Escritas iniciaram a conversa em torno das palavras e da sua relação com a música. Mas, rapidamente as músicas de Valter Lobo, a sua voz e guitarra preencheram a sala do hotel e embriagaram o público. O músico, que de formação é advogado, contou que não se sentia satisfeito com a vida dedicada ao Direito. No meio dos papéis, um dia de Inverno, começou a pensar em música. Nasceu, aí, o seu primeiro trabalho “Inverno”. “Músicas tristes”, como Valter Lobo definiu. “Mediterrâneo” é o seu recente trabalho no qual faz uma reaproximação ao calor humano e ao mar, despido de materialismos e procurando sobreviver com os bens essenciais, entregando-se a uma vontade de sentir num propósito de mudança. Os seus concertos são de grande intimidade com o público tal como as canções que, com o português em punho, nos trazem uma sonoridade intensa armada de uma componente lírica muito rica que lhe são próprias e que o sugerem como um artista genuíno e um nome a seguir quando nos referimos aos novos grandes valores da música portuguesa.