Na pesquisa efetuada sobre as associações de classes de operários (a designação que à época se dava aos sindicatos), na Póvoa de Varzim, Noémia Ferreira de Castro encontrou mais material acerca da fundação e funcionamento da associação dos sapateiros e tamanqueiros povoenses, havendo o registo da autorização dos estatutos pelo ministro do Interior, em 1912.

Manuel Alves Pereira, José Lopes, Américo Fernandes Marques, Francisco José de Abreu, João Tróina, António Martins da Nova, Eduardo Correia, foram algumas das pessoas que se juntaram para formar esta associação e assinaram os respetivos estatutos. Eduardo Correia viria a ser um dos dirigentes que se destacou pela participação ativa e pela longevidade da sua ligação à vida associativa, uma vez que se manteve até à dissolução da instituição em 1933.

Foi por força da lei, já no Estado Novo, que o sindicato teve que fechar portas, uma vez que o regime proibiu a existência de associações de classes nas sedes de concelho, apenas podendo continuar no ativo as que funcionassem nas capitais de distrito. Pelo que, em 18 de dezembro de 1933, realizou-se a assembleia geral de dissolução da associação dos tamanqueiros e sapateiros povoenses, cuja direção ponderou e decidiu cumprir a lei do governo, resolvendo ainda entregar à guarda da Casa dos Operários todos os bens e arquivos. Esta proposta foi aprovada por unanimidade pelos associados.

Pelos diversos jornais locais, como O Poveiro, O Futuro, O Liberal, Intransigente, é dado a conhecer a formação posterior de novas associações de classes, como a dos alfaiates e costureiras, seguindo-se diversas outras áreas de trabalho, bem como algumas greves levadas a cabo pelos movimentos.

Na Póvoa de Varzim, as associações de classes não foram muito ativas, comparativamente a outras cidades, pois os grupos existentes eram pequenos e as dificuldades diárias dos operários eram muitas, persistindo muitas carências alimentares, habitacionais e de condições de trabalho.

Nalgumas das atas das reuniões da associação dos sapateiros e tamanqueiros foi possível aferir certas lutas pelos direitos destes operários, como no caso de queixas de industriais que não cumpriam o regulamento do descanso semanal, chegando o sindicato a nomear alguns elementos para piquetes de fiscalização junto das oficinas.

Dirigido ao público sénior, “À quarta (h)à conversa” apresenta, todos os meses, sempre na terceira quarta-feira, diferentes temas ligados à História Local.