Na terceira tarde do Correntes d´Escritas, a Casa da Juventude encheu-se de gente de todas as idades para ouvir Luísa Dacosta, Leonor Xavier e Ricardo Menéndez Salmón, em mais uma sessão de lançamento de livros.

Coube à escritora Inês Pedrosa as honras da casa, apresentando o mais recente livro de Leonor Xavier – Casas Contadas, das Edições ASA. “É um livro que são vários livros dentro”, disse a escritora, fazendo ainda uma alusão à intervenção do dia anterior de Manuel da Silva Ramos, na mesa em que foi moderadora: “É uma mina com várias galerias que se cruzam e iluminam”.

Trata-se de uma autobiografia da autora, construída através das casas onde viveu. Ao todo foram 13, sendo que 5 delas foram no Brasil. O livro acompanha a vida de Leonor Xavier desde o ano em que nasceu (1943) e habitou a primeira casa, até agora, que vive em Vila Nova do Coito. É também, segundo Inês Pedrosa, uma biografia de Portugal e do Brasil, onde ao mesmo tempo que se acompanha a emancipação da autora, está-se também perante a emancipação gradual dos dois países.

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Seguiu-se a vez da aclamada Luísa Dacosta, que prendeu a atenção da audiência desde o início da sua apresentação. “Fui professora toda a vida e nunca me sentei”. E foi de pé, sem microfone que, Luísa Dacosta, deu mais uma aula.

História com Recadinho, assim se chama o livro que foi agora reeditado pela ASA, com novas ilustrações, pela mão de Cristina Valadas. Trata-se de um livro infantil onde “cada leitor tirará o seu recadinho”, segundo o representante da editora. Depois de ter sido lançado pela primeira vez, no ano de 1986, o livro foi “mal amado” pela crítica da Gulbenkian, algo que deixou Luísa Dacosta“bastante desiludida” .

Ainda assim, a obra “teve bastantes edições e foi bastante amada pelas crianças”.

A sessão terminou com Ricardo Menéndez Salmón e a sua mais recente tradução para português – o livro Derrocada. Considerado pela crítica um dos mais importantes nomes da nova literatura espanhola, os seus livros têm sido muito bem recebidos em Portugal.

A Derrocada é o segundo livro duma trilogia, a Trilogia do Mal, completa pelo Ofensa (o primeiro livro) e o El Corrector (o terceiro, ainda sem tradução em português). O livro está escrito à maneira de um thriller, onde coabitam um assassino em série, um inspector e investigação policial. A preocupação central do autor é o mal e a sua presença na sociedade, sob vários disfarces, como o nazismo (relatado no primeiro livro), os assassinos em série (em Derrocada) e o terrorrismo (no último livro da trilogia). Ao longo das três obras, é possível verificar, desta forma, uma “unidade temática”.

Mais do que entreter com os enigmas da história que conta, o autor pretende levar os seus leitores à reflexão, numa altura em que considera que “o medo converteu-se numa espécie de clima moral”.

 

 

Texto e fotografias: Ágata Ricca