Esta Sessão de Abertura aconteceu no Casino da Póvoa.

Rubem Fonseca é o vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa, com a obra Bufo e Spallanzani. O escritor brasileiro esteve presente neste arranque do Encontro e lamentou “só agora ter vindo à Póvoa de Varzim”. O autor disse estar “encantado com a cidade, com as pessoas. Estou muito feliz aqui”. Filho e neto de portugueses, “e com muito orgulho”, Rubem Fonseca afirmou perentoriamente: “amo a língua portuguesa”. Ao tomar, esta manhã, o pequeno-almoço com dois poetas – contou – “recordei Luís Camões e como, na minha casa de infância, o meu pai tinha livros apenas de poetas e prosadores portugueses. Ele gostava muito dos sonetos de Camões e hoje, gostaria de prestar uma homenagem a esse grande poeta, lendo um dos seus sonetos”. E, emocionando a plateia, em extremo silêncio e com grande atenção, leu: Busque Amor novas artes, novo engenho, para matar me, e novas esquivanças; / que não pode tirar me as esperanças, / que mal me tirará o que eu não tenho. / Olhai de que esperanças me mantenho! / Vede que perigosas seguranças! / Que não temo contrastes nem mudanças, / andando em bravo mar, perdido o lenho. / Mas, conquanto não pode haver desgosto / onde esperança falta, lá me esconde / Amor um mal, que mata e não se vê. /Que dias há que n’alma me tem posto / um não sei quê, que nasce não sei onde, / vem não sei como, e dói não sei porquê.

Eduardo Lourenço, a quem a Revista Correntes d’Escritas 11 é dedicada, comentou que “este é um momento de grande estímulo, numa fase descendente da vida em que me encontro. O General De Gaulle dizia que a velhice é um naufrágio. Mas, já que naufragamos, que seja um naufrágio à Titanic, uma coisa gloriosa, com honras nas páginas dos jornais”. Eduardo Lourenço apreciou ouvir Rubem Fonseca, “sobretudo porque, neste momento, precisávamos de uma espécie de luz. Camões é um poeta sempre muito consciente da situação trágica da humanidade em geral, mas que é aquilo que nós precisávamos para não sucumbirmos a esta tentação de pessimismo que nos está a invadir. Portugal é um grande país e não se vai afundar, como o Titanic”.

Francisco José Viegas, Secretário de Estado da Cultura, ao dirigir-se aos convidados, explicou: “esta é a diferença. O ano passado eu não fazia estes cumprimentos protocolares”. De facto, Francisco José Viegas é já presença habitual no Correntes d’Escritas e, com o cargo político que agora ocupa, não quis deixar de manifestar o seu apoio ao Encontro de Escritores. “Acho que estamos num momento extraordinário do Correntes d’Escritas e a minha homenagem vai para a equipa que faz tudo isto acontecer. É um milagre estarmos todos aqui passados treze anos. Hoje o nome da Póvoa está um pouco por todo o lado graças à cultura, graças a este projeto magnífico”. O Secretário de Estado manifestou, ainda, a vontade de “estarmos todos aqui no próximo ano”.

José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal, afirmou que esta edição do Correntes d’Escritas começava da melhor forma, com a abertura pelo Prémio Pessoa de 2009, D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, e poucos dias após a atribuição do mesmo Prémio, de 2011, a Eduardo Lourenço. “Que outra iniciativa pode orgulhar-se de reunir, entre tantas e tão notáveis figuras das culturas ibero-americanas, dois dos portugueses que mais sustentadamente refletem sobre Portugal e a sua relação com o mundo, particularmente com a Europa?”

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