“Os Braços da Lancha” documenta uma viagem por mar, ria e rio, até Padrón, Santiago de Compostela, na Galiza. Mas acima de tudo é uma homenagem a todas as pessoas que de uma forma ou de outra colaboraram e colaboram para tornar navegáveis as palavras de Manuel Lopes: «Há-de a Lancha ser a escola».

A Lancha Poveira do Alto é um barco de boca aberta, de quilha, roda de proa e cadaste. Arma uma grande vela de pendão de amurar à proa. Como não dispõe de patilhão, um leme alteado assegura essa função. A “Fé em Deus” foi reconstruída segundo normas e modelos tradicionais locais e representa uma das últimas lanchas poveiras a ir ao mar na década de cinquenta do século passado.

O início da construção deu-se a 27 de fevereiro de 1991, com o levantamento da quilha no picadeiro e o bota-abaixo a 15 de Setembro do mesmo ano. Está por isso a cominho de completar 24 anos.

O sonho de voltar a ver a Lancha Poveira a navegar sempre se achou na memória de velhos pescadores, mas a ideia da sua reconstrução deve-se a Manuel Lopes, na altura, diretor do Museu Municipal de Etnografia e História e da Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim, que lança o repto no início dos anos oitenta do século passado. Alberto Marta e Silva Pereira, à data Presidentes do Clube Naval Povoense e da Assembleia Geral, também se envolveram e apoiaram incondicionalmente o projeto.

Fazer por mar com a Lancha Poveira o caminho até Santiago de Compostela, foi sempre uma vontade adiada de Manuel Lopes. Com o seu desaparecimento em agosto de 2006, o atual diretor da Biblioteca e coordenador do projeto Lancha Poveira do Alto Manuel Costa, mestre Agonia Areias e a sua tripulação, deram corda ao ausente e reunidas as vontades, com o apoio incondicional da Câmara Municipal, concretizaram o sonho em julho de 2012. Com o objetivo de documentar a viagem da “Fé Em Deus”, Manuel Martins e José Peixoto recolheram as imagens, os sons e as palavras, e com Paulo Pinto realizaram o Documentário “Os Braços da Lancha”.

Os Braços da Lancha (Tripulação): Mestre Agonia Areias, Carlos Flores, Vitor Castro, José Ferreira, Bruno Ferreira, Agostinho Martins, José Peixoto, Victor Fernandes, Vitoriano Ramos, João Castro, Ricardo Ferreira, Abraão Cruz, António Fangueiro, Francisco Rosa, Manuel Mata, Carlos Teixeira e João Pereira.