Na altura, rajadas de vento varreram cerca de 150
hectares de terrenos onde estavam localizados 400 produções agrícolas das quais
dependiam mais de dez mil pessoas.

No
decorrer da semana passada, o governo anunciou que um milhão e meio de euros
vão ser recebidos pelos agricultores afetados. No âmbito deste anúncio, na
passada sexta-feira, numa conferência de imprensa, a Horpozim esclareceu que, até
ao momento, “ninguém recebeu qualquer ajuda financeira”, sendo
“um longo processo burocrático” numa altura em que o tempo
“corre contra” os agricultores, alguns dos quais se endividaram para
recuperar as explorações. Neste momento, os agricultores da Póvoa de Varzim
estão a investir por conta e risco um valor que só após a execução da
candidatura, justificação do investimento e respetivo comprovativo de pagamento
é que poderão ser ressarcidos em 75% do total”.
Apesar da situação, a Horpozim
destaca o compromisso do Governo no apoio aos agricultores, considerando ser
“um momento histórico na região e na vida dos horticultores, por não se
sentirem sozinhos”, explicou Manuel Silva, Vice-Presidente da Associação dos
Horticultores.

Carlos Alberto Lino, Presidente da
Horpozim, voltou a frisar que o apoio do governo “se deveu a um trabalho
intenso dos dirigentes da associação, de Aires Pereira, Vice-Presidente da
Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, e de Manuel Cardoso, Diretor Regional de
Agricultura”.

O Vice-Presidente
da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, referiu que “esperávamos
mais, uma vez que o levantamento dos estragos que fizemos é superior à verba
que será disponibilizada, mas percebemos as regras comunitárias. Ficou este
calendário estabelecido e sabíamos que o dinheiro só iria estar disponível a
partir de setembro” e sublinhou que a região não havia visto apoios para
circunstâncias do género antes.
Aires Pereira salientou a perseverança dos horticultores “que não
se deixaram abater perante o infortúnio” acrescentando que a autarquia “irá continuar
a estar sempre ao lado dos agricultores”. Esta é uma das atividades mais
produtivas da Póvoa de Varzim. Depois do esforço titânico que estas famílias
fizeram para permanecer na Póvoa de Varzim e nesta atividade, vão agora ver os
seus esforços, pelo menos parte deles, recuperados”. 

Miguel Junqueira, um dos
agricultores afetados pelo mau tempo e que perdeu a totalidade dos cultivos em
janeiro, viu-se obrigado a contrair um empréstimo junto da banca, que exigiu
fiador, para se restabelecer no meio: “desanimei muito, pensei em
desistir. Tratei da candidatura do projeto, tratámos de tudo, o projeto veio
aprovado. Pensei que andasse mais rápido porque queria trabalhar, mas eles
obrigam ao pagamento da totalidade das faturas para fazer o reembolso. Chegámos
a um ponto em que tivemos de pedir muito dinheiro à banca”, afirmou Miguel
Junqueira, que já reconstruiu as estruturas e tem plantados 4.500 pés de tomate
cacho e 4.500 pés de tomate redondo.