Póvoa de Varzim, 26.08.2013 - A Horpozim – Associação dos Horticultores da Póvoa de Varzim pediu celeridade no pagamento dos apoios aos agricultores afetados pela intempérie que, em janeiro, destruiu centenas de estufas, tendo causado prejuízos estimados em cerca de cinco milhões de euros.
Na altura, rajadas de vento varreram cerca de 150
hectares de terrenos onde estavam localizados 400 produções agrícolas das quais
dependiam mais de dez mil pessoas.
No
decorrer da semana passada, o governo anunciou que um milhão e meio de euros
vão ser recebidos pelos agricultores afetados. No âmbito deste anúncio, na
passada sexta-feira, numa conferência de imprensa, a Horpozim esclareceu que, até
ao momento, “ninguém recebeu qualquer ajuda financeira”, sendo
“um longo processo burocrático” numa altura em que o tempo
“corre contra” os agricultores, alguns dos quais se endividaram para
recuperar as explorações. Neste momento, os agricultores da Póvoa de Varzim
estão a investir por conta e risco um valor que só após a execução da
candidatura, justificação do investimento e respetivo comprovativo de pagamento
é que poderão ser ressarcidos em 75% do total”. Apesar da situação, a Horpozim
destaca o compromisso do Governo no apoio aos agricultores, considerando ser
“um momento histórico na região e na vida dos horticultores, por não se
sentirem sozinhos”, explicou Manuel Silva, Vice-Presidente da Associação dos
Horticultores.
Carlos Alberto Lino, Presidente da
Horpozim, voltou a frisar que o apoio do governo “se deveu a um trabalho
intenso dos dirigentes da associação, de Aires Pereira, Vice-Presidente da
Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, e de Manuel Cardoso, Diretor Regional de
Agricultura”.
O Vice-Presidente
da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, referiu que “esperávamos
mais, uma vez que o levantamento dos estragos que fizemos é superior à verba
que será disponibilizada, mas percebemos as regras comunitárias. Ficou este
calendário estabelecido e sabíamos que o dinheiro só iria estar disponível a
partir de setembro” e sublinhou que a região não havia visto apoios para
circunstâncias do género antes. Aires Pereira salientou a perseverança dos horticultores “que não
se deixaram abater perante o infortúnio” acrescentando que a autarquia “irá continuar
a estar sempre ao lado dos agricultores”. Esta é uma das atividades mais
produtivas da Póvoa de Varzim. Depois do esforço titânico que estas famílias
fizeram para permanecer na Póvoa de Varzim e nesta atividade, vão agora ver os
seus esforços, pelo menos parte deles, recuperados”.
Miguel Junqueira, um dos
agricultores afetados pelo mau tempo e que perdeu a totalidade dos cultivos em
janeiro, viu-se obrigado a contrair um empréstimo junto da banca, que exigiu
fiador, para se restabelecer no meio: “desanimei muito, pensei em
desistir. Tratei da candidatura do projeto, tratámos de tudo, o projeto veio
aprovado. Pensei que andasse mais rápido porque queria trabalhar, mas eles
obrigam ao pagamento da totalidade das faturas para fazer o reembolso. Chegámos
a um ponto em que tivemos de pedir muito dinheiro à banca”, afirmou Miguel
Junqueira, que já reconstruiu as estruturas e tem plantados 4.500 pés de tomate
cacho e 4.500 pés de tomate redondo.