A inauguração da mostra realizou-se na passada sexta-feira à noite e contou com a presença de José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Amadeu Matias, Presidente da Junta de Freguesia de Beiriz, e Padre Delfim Coelho, Pároco de Beiriz, entre as várias gerações da família Brandão Miranda.

Em representação da família, Francisco Miranda, bisneto de Hilda Brandão e Carlos Rodrigues Miranda, agradeceu à Câmara Municipal a organização da exposição que considera poder ser o ponto de partida para a proteção do património histórico da Fábrica de Tapetes de Beiriz.

Apesar de ser de uma geração da família que não teve o privilégio de conviver com os fundadores, Francisco Miranda assumiu que “ainda assim os conhecemos bem. Basta andar por Beiriz que facilmente encontramos antigos operários da fábrica que nos contam interessantes histórias daqueles tempos, pequenos episódios que nos mostram que foram pessoas excecionais. Não faltam também momentos de família em que colhemos ensinamentos importantes das histórias passadas”.

Francisco Miranda revelou que apesar de ser natural de São Salvador da Baía, no Brasil, Hilda Brandão partiu, ainda jovem, e “tornou-se, verdadeiramente, uma filha de Beiriz, deixando uma marca de personalidade, de determinação, de carater, de atenção ao próximo.

O testemunho da sua vida permanece ainda na memória de muitos e são visíveis em Beiriz diversos sinais de reconhecimento e homenagem”.

O bisneto de Hilda Brandão recuou a novembro de 1919, data da fundação da Fábrica de Tapetes de Beiriz, altura em que o país vivia, tal como hoje, momentos exigentes no capítulo político, económico e social. Quase podemos imaginar que o ambiente não seria muito propício à inovação, ao empreendedorismo e à responsabilidade social das empresas. Mas esses foram condimentos que se juntaram em Beiriz e consolidaram durante décadas o melhor que o modelo industrial pode dar a um país: emprego, prosperidade e reconhecimento da nossa qualidade e saber fazer.

Francisco Miranda referiu que a Fábrica foi gerida por três gerações da família, encerrando em 1974, “momentos de particular sofrimento para a família”.

Disposta a fazer o que for possível para ajudar a preservar a memória histórica da Fábrica de Tapetes de Beiriz, a família convidou a autarquia poveira a dar o seu contributo para o efeito.

José Macedo Vieira reforçou que a criação da Fábrica de Tapetes de Beiriz, em 1919, um ano após o fim da I Guerra Mundial, foi um marco na história do concelho pela visão do mundo dos seus fundadores: “esta família teve a visão e o arrojo de, na altura, se lançar num projeto industrial, o que era inovador e garantiu, durante décadas, quase um século, o crescimento e sustentação de muitas famílias em Beiriz e não só, também de muitas freguesias limítrofes”.

O Presidente fez questão de destacar o paralelismo entre a situação que o país vivia em 1919 e em que vive hoje, referida por Francisco Miranda, alertando para a necessidade da reinstalação da indústria para ultrapassar a atual crise.

O edil referiu-se ainda à visão e coragem de HeideMarie Hanneman que, em 1989, assumiu um negócio que não conhecia, reabrindo a Fábrica de Tapetes de Beiriz, atualmente propriedade da sua filha, Cátia Ferro.

A sessão contou com a atuação do Rancho Folclórico de St.ª Eulália de Beiriz.

Trata-se de uma mostra organizada em parceria com os seus descendentes, os quais tiveram a amabilidade de ceder, a título de empréstimo, toda a documentação na posse da família, ficando assim o Arquivo Municipal com a cópia digital de toda essa documentação.