A propósito desta mostra, o Museu Municipal abriu,
exclusivamente, as suas portas entre as 21h00 e as 24h30 da Quinta-feira Santa
e recebeu a visita de cerca de 700 pessoas. Embora os
visitantes fossem maioritariamente locais, um número significativo de turistas,
nomeadamente
espanhóis, aproveitaram esta abertura nocturna para conhecer
o património e a cultura do município patentes nas várias salas de exposição do
Museu.

Os diferentes painéis que compunham a
exposição continham fotografias que ilustravam as decorações de Igrejas da
cidade em anos anteriores, um costume que integra as cerimónias da Semana Santa.
Para os poveiros, a participação nas tradições relacionadas com a Semana Santa é
praticamente obrigatória, alicerçada em remotas e antigas tradições em que o
profano e a fé convivem lado a lado, ao longo dos últimos dias da Quaresma.
Para muitos, recordando os tempos de outrora, a Quinta-feira Santa era um dos
dias mais interessante do ciclo pascal: durante a tarde os nutridos bois da
Páscoa, engalanados com os mais apelativos adornos, desfilavam pelas ruas da
Póvoa levados orgulhosamente pelas famílias dos “marchantes” do Mercado
Municipal que, assim, queriam mostrar a qualidade das carnes que serviriam aos
balcões no dia seguinte. Esta prática caiu em desuso, devido a motivos
sanitários e às rígidas regras comunitárias.

Seguindo uma velha tradição com origens em
Roma, as famílias poveiras saem à noite, faça chuva ou debaixo da suave luz das
estrelas ou do luar e visitam as Igrejas e capelas da sede do concelho. Largos
milhares de pessoas enchem as ruas e fazem fila para visitarem as encenações
montadas junto ao altar-mor.

As igrejas e capelas estão adornadas com o maior
cuidado, algumas com encenações alusivas à quadra pascal, e ficam abertas até
cerca das 24 horas de quinta-feira para serem visitadas pelos fiéis. Participam
nesta tradição (que lembra o costume de se visitarem sete igrejas e basílicas
em Roma) normalmente oito templos na cidade da Póvoa: Igreja Matriz; Igreja da
Misericórdia; Capela de Nossa Senhora das Dores; Capela do Senhor do Bonfim;
Igreja de S. José de Ribamar; Capela de Nossa Senhora do Desterro; Capela de S.
Roque/S. Tiago; Igreja de Nossa Senhora da Lapa.

Esta iniciativa, dinamizada pelo Pelouro da
Cultura, teve como objectivo a valorização das tradições locais e a divulgação,
junto de novos públicos, das colecções e valências do renovado Museu Municipal.

Recorde-se ainda que até sexta-feira, 24, é
possível visitar noutro dos espaços do Museu a exposição de Rui Anahory
, intitulada “Cirscustâncias”
que
reúne fotografia, pintura e escultura.