Póvoa de Varzim, 09.07.2010 - José Milhazes apresentou ontem à noite, no Diana Bar, Samora Machel: Atentado ou Acidente?.
Sobre a motivação do jornalista e
historiador português para escrever este livro, pode ler-se na introdução da
obra: “Quando se entra numa livraria em Lisboa, depara-se com um grande número
de obras dedicadas à Guerra Colonial e ao processo de descolonização levado a
cabo por Portugal em África. Porém, na maioria delas, está ausente o papel da
União Soviética (URSS) nesses processos, não obstante a URSS ter sido um dos
protagonistas centrais. Moscovo foi uma das partes dos conflitos que
dilaceraram durante muitos anos Angola e Moçambique. Foi com a intenção de
contribuir para o preenchimento dessa lacuna que publiquei, no ano passado, o
livro Angola – O Princípio
do Fim da União Soviética, e
que apresento, agora, esta obra sobre as relações soviético-moçambicanas.”
A viver na Rússia desde 1977, o autor natural das
Caxinas, Vila do Conde, explicou que “existem determinadas teorias, que se
tornam quase verdades absolutas, mas que, quando estudadas mais profundamente,
fazem-nos pensar na sua veracidade”. Segundo o jornalista, “neste livro coloco
em causa mitos e personagens”. José
Milhazes sublinhou que “é extremamente perigoso criarem-se
ídolos. Deixa-se de se poder escrever sobre estas pessoas de determinada forma
quando, muitas vezes, sabemos que muitas das suas atitudes foram medíocres ou
pior que medíocres”. Para o autor, foi este o caso à volta da morte de Samora
Machel. “Era necessário criar um ídolo contra o Apartheid. E para isso, Samora
Machel tinha que ter sido assassinado”, esclareceu. “Não se tratou de nenhum
atentado por parte do governo de África do Sul, mas sim de negligência por
parte da tripulação soviética que pilotava o avião onde seguia o moçambicano.
As teorias da conspiração são bonitas, mas às vezes as coisas acontecem por
causa de falhas humanas, erros insignificantes que provocam tragédias”, afirmou
José Milhazes.
O jornalista baseou-se em depoimentos e documentos,
provas que corroboram estas afirmações.
Com casa cheia, José Milhazes foi recebido
por Aurelino Costa, que fez a apresentação do escritor, e por José Macedo
Vieira, presidente da Câmara Municipal. O autarca revelou-se estupefacto com
alguns dos dados revelados na obra, nomeadamente com a falta de mapas por parte
da tripulação do avião. Apesar da experiência da equipa, foram vários os erros
humanos que ditaram a morte de Samora Machel.