O rufar de tambores e a figura esguia de um homem sobre andas, visível bem ao longe, denunciavam um movimento algo inesperado para um domingo à tarde, na Rua da Junqueira. Atrás de uma condenada, vestida com trajos pobres e meio esfarrapados e o rosto escondido numa máscara de ferro, seguia um cortejo medieval composto pelas classes sociais da época.
Desde
o rei à rainha, passando pela nobreza, representado por um casal de pose
altiva, pelo clero e pelo povo, o cortejo, organizado pela Cooperativa de Ensino
de Vila Nova de Famalicão, cior, animou
as ruas da Póvoa por onde passou – a Rua da Junqueira, o Largo David Alves e o
Largo do Passeio Alegre.
Se,
à frente, o tom era mais grave, marcado pela condenada vergada, que avançava a
passo lento e pelo som grave dos tambores, o desfile terminava em ar de festa,
com a encenação dos bobos, que dançavam por toda a parte, e pelas ciganas, que
liam a sina, pediam esmola e dançavam também, de forma provocadora. Ciganas que
terminariam por ser alvo de um apedrejamento encenado, no Largo David Alves,
onde teve também lugar uma luta de varapaus. O domingo ensolarado trouxe para a
rua centenas de pessoas, que ora se afastavam para ver passar as estranhas
personagens, ora seguiam atrás do cortejo, tentando evitar os “mendigos”, que
pediam esmola com canecos de barro.
Composto
por cerca de 30 figurantes, este cortejo medieval foi a forma escolhida pelos
alunos da escola profissional para anunciar a Feira Medieval que vai ter lugar
em Vila Nova de Famalicão, de 4 a 6 de Maio. E o anúncio foi feito a preceito,
através da leitura de um arauto, num dos momentos de pausa do desfile.
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O
cortejo terminou no Largo do Passeio Alegre, onde voltou a atrair atenções,
desta vez com as danças e as acrobacias dos figurantes. Simples, mas com trajes
bem conseguidos e com figurantes que vestiram a pele dos personagens, este
cortejo medieval constituiu um momento diferente num domingo já de si
movimentado pelas bicicletas da Clássica da Primavera, que terminou no Largo do
Passeio Alegre.