O Quarteto Verazin
propõe o Quarteto em fá maior, de Maurice Ravel, a iniciar o programa. A
segunda parte será integralmente dedicada ao Quinteto op. 81 de Antonín Dvorák,
com a participação do jovem pia­nista portuense Daniel Cunha (trabalhou durante
5 anos com Sequeira Costa, na Universidade do Kansas, EUA).

 

O Quarteto em fá maior foi
escrito por Ravel entre Dezembro de 1902 e Abril de 1903. Trata-se de uma obra
de juventude dedicada À mon cher maître Gabriel Fauré que evidencia
claramente a marca de uma personalidade já afirmada: melodismo sedutor numa
forma clássica seguindo o modelo do Quarteto de Debussy (cujo 10º aniversário
da composição tinha sido pretexto para a criação de uma obra colectiva,
objectivo a que só Ravel conseguiu corresponder em exclusivo, dando origem a
esta obra singular). A disposição dos quatro andamentos apela a efeitos que
raiam o virtuosismo, sugerindo sedução, ironia e brilhantismo, mediante a
utilização de trémolos, sons harmónicos e trilos, entre outros. É um mundo novo
que se anuncia: Pela sua firmeza resoluta e luminosidade adolescente, o
Quarteto de Ravel oferece-nos um dos germes dessa evolução inexorável, do
difuso para o geométrico, mas excluindo essa angulosidade glacial tão pouco
satisfatória, da arte de 1925.
(Marcel Marnat)

Pelo contrário, o Quinteto para
piano e cordas, em Lá maior (op. 81, B. 155)
é uma partitura da maturidade
do compositor checo Antonín Dvorák. Foi escrito entre 18 de Agosto e 3 de
Outubro de 1887 e estreado a 6 de Janeiro do ano seguinte, no ambiente eufórico
da Boémia musical da época, logo após a inauguração do Teatro Nacional Checo de
Praga e da fundação de uma Sociedade de música de câmara. Aliando a veia patriótica
à herança germânica, Dvorák escreveu uma vasta partitura de impecável
construção, estruturada em quatro andamentos e animada por um melodismo e
rítmica contagiantes. A unidade da obra é assegurada pela modificação
substancial das ideias temáticas lançadas no início, de forma a adaptá-las a
contextos diferentes. Este Quinteto goza de um justo reconhecimento semelhante
aos de Schumann, Brahms e César Franck.

 daniel cunha
Daniel Cunha

Daniel Cunha

Nascido no Porto em
Setembro de 1982, obteve em Maio de 2011 o grau de Doutor em Artes Musicais com
Especialização em Piano pela Universidade do Kansas (E.U.A.), onde trabalhou
durante cerca de 6 anos com Sequeira Costa e onde já obtivera antes, em Maio de
2006, o grau de Mestre em Interpretação Musical.

Anteriormente, em
Portugal, o seu percurso académico incluiu, após ter iniciado aos 8 anos os
estudos de piano com a Prof. Norma Silvestre, o Curso Complementar de Piano,
completado no ano lectivo de 1999/2000, no Conservatório Regional de Gaia, na
classe do Prof. Luís Filipe Sá, com 20 valores no exame final de piano, e a
Licenciatura em Instrumento (Piano) na Escola Superior de Música e das Artes do
Espectáculo do Porto (ESMAE), na classe do mesmo professor, obtida em Julho de
2004 com as mais elevadas classificações.

Premiado, quando muito jovem, em vários concursos nacionais,
foi semifinalista na XVI edição do Concurso Internacional de Piano Viana da
Mota (Julho de 2007), tendo-lhe sido atribuído pelo Júri o Prémio de “Melhor Concorrente
Português.” O seu programa de doutoramento foi co-financiado por bolsas de
mérito atribuídas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pela Fundação
Calouste Gulbenkian. Dos recitais mais recentes, destaca os que foram
realizados nos E.U.A., a solo, no Tyrrell
Hall
da Universidade de Tulsa, em 18 de Abril de 2010, e a performance da
Sonata para dois Pianos e Percussão de Béla Bártok, no Swarthout Recital Hall
da Universidade do Kansas em 5 de Novembro de 2010, e os que foram realizados
em Portugal, a 12 de Junho de 2010, no Auditório de Espinho, e a 9 de Janeiro
de 2011, no Museu Gulbenkian, em Lisboa. Ainda mais recentemente realizou, no
Swarthout Recital Hall, a 7 de Abril de 2011, um Recital-Conferência sobre a
obra Goyescas de Enrique Granados,
último requisito do doutoramento, que foi muito elogiado pelo Júri. Na mesma
sala, a 28 de Abril de 2011, realizou um recital, conjuntamente com o pianista
Evangelos Spanos, no qual interpretaram, além de obras a solo, três tangos para
dois pianos de Astor Piazzolla
.

 

Quarteto Verazin

Quarteto de Cordas
residente do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim (FIMPV), apresentou-se
oficialmente pela primeira vez em Julho de 2007 (29ª edição). Em antestreia,
introduziu a conferência do musicólogo Rui Vieira Nery proferida na mesma
edição.

Participou nas
master classes do Prazak Quartet e do Fine Arts Quartet, inseridas no FIMPV
(2007 e 2010, respectivamente). Trabalhou com Vladimir Mendelssohn e Jacek
Klimkiewicz, na Folkwang Hochschule de Essen, Alemanha, onde se apresentou
publicamente em Abril de 2008. Tem vindo a ser orientado pelos Professores Ryszard
Wóycicki, Radu Ungureanu e Ana Bela Chaves.

O agrupamento
dedica-se à divulgação do riquíssimo repertório que muitos dos mais reputados
compositores escreveram para quarteto de cordas (já interpretou obras de Haydn,
Mozart, Beethoven, Mendelssohn, Debussy, Ravel e Shostakovich). Em estreia
mundial, apresentou em Julho de 2008 o Quarteto
nº 2 – Movimentos do Subsolo,
de António Pinho Vargas, obra encomendada
pelo FIMPV e gravada posteriormente em Outubro do mesmo ano (o respectivo CD
foi lançado em 2009). Também em estreia mundial, apresentou em Julho de 2009 a
obra Verazin nº 1 encomendada pela
31ª edição do FIMPV ao compositor Carlos Azevedo.

Actualmente, é
constituído por Danylo Gertsev (1º violino), Diogo Coelho (2º violino), Sara
Barros (violeta) e Ana Luísa Marques (violoncelo).