Desenvolvida pelo
Grupo de História e Geografia da escola, com o apoio do Museu Municipal, o
plano de comemorações teve um objectivo pedagógico, ao contribuir para que
todos aprendessem um pouco mais sobre as origens de Portugal fora do ambiente
da sala de aula.

“Era uma vez um rei”
deu título à peça de teatro apresentada pelos alunos do 5º C, que discorreu
sobre a vida de D. Afonso Henriques, desde muito pequeno, altura em que dizia
“Hei-de ser um rei”, passando pela sua educação com Egas Moniz, que não só lhe
ofereceu bons conselhos mas também uma espada. “Destemido, atrevido e valente”
o ainda Infante tinha um sonho – “ter coragem para criar o Reino de Portugal”.
De batalha em batalha, desentendendo-se com a sua mãe D. Teresa, o fim da
história é bem conhecido de todos: D. Afonso Henriques torna-se de facto rei e,
a pouco e pouco, expande o território português. Um final feliz, comum a todas
as histórias de príncipes e princesas, a que os jovens “actores” decidiram juntar
um ingrediente não tão comum: a peça de teatro acabou com um muito bem ritmado rap.

E porque o desejo de
saber mais aguçava a curiosidade de todos os alunos, Geraldo Coelho,
historiador licenciado em Teologia, em Roma, e doutorado do Curso de História,
pela Faculdade de Letras, partilhou com todos o seu vasto conhecimento sobre a
Idade Média. E começou por referir a relação existente entre Rates e D. Afonso Henriques já
que o pai deste, Conde D. Henrique, reconstrui a Igreja de Rates, até aí entregue
a uma comunidade monástica, e ofereceu-a aos Beneditinos. A pouco e pouco, esta
ordem religiosa, originária de França, vai-se expandido por toda a região de
Entre o Douro e Minho,
fundando 22 mosteiros. Apesar do desagrado do Arcebispado de Braga, D. Afonso
Henriques, por volta de 1045, renova os bens e privilégios que o seu pai tinha
doado ao agora Mosteiro de Rates.

montagem 900 anos

Feito este
enquadramento, o historiador centrou-se na figura de D. Afonso Henriques, “uma
figura histórica, sem dúvida nenhuma, mas cuja existência tem sido vista pelo
prisma da lenda e do mito”. Certo é que D. Afonso Henriques casou com D.
Mafalda, que em dez anos de casamento lhe deu dez filhos. As suas heróicas
acções conquistadoras contra Mouros, Leoneses e Castelhanos são também factos,
assim como a sua decisão de entregar o poder ao seu filho D. Sancho I após a Batalha
de Badajoz, em 1169. Não restam dúvidas também acerca do seu fervor em fazer do Condado
Portucalense um novo país, independente, algo que consegue em
1143, após o reconhecimento de D. Afonso VII de Leão e Castela. Em 1178 é a vez
de o novo reino ser reconhecido pelo Papa Alexandre III.

Mas boa parte da
vida do 1º Rei de Portugal permanece um mistério. Não se sabe a data de
nascimento e até o local
suscita dúvida – durante muitos anos julgou-se Guimarães como berço do país e
do rei. José Matosos, historiador e companheiro de estudos de Geraldo Coelho,
lançou recentemente um livro onde defende a tese de que D. Afonso Henriques
nasceu em Viseu, apontando a data de 5 de Agosto de 1109. O próprio Geraldo Coelho
descobriu um documento que lhe aponta outro local: Coimbra, onde D. Teresa
permaneceu em Julho de 1109, pouco menos de um mês antes do nascimento do
filho. Geraldo Coelho defende que tal condição a impediria de viajar para
Viseu. “Não posso aderir à tese de José Matoso, é preciso investigar mais”,
defendeu. “A vida do nosso rei está envolvida numa nebulosa que a História procura
evidenciar”, explicou, “mas não podemos deixar de ter presente a sua
heroicidade a sua portugalidade”, concluiu.

No final, uma
opereta percorreu “Os castelos de D. Afonso Henriques”. As turmas do 5ºE e do
5º G interpretaram vários temas musicais, espelhando também os vários géneros
de música típicos do nosso país, e contaram as histórias dos castelos de
Guimarães, de Leiria, de Almourol, de Coimbra, de Palmela, entre muitos outros,
que ainda hoje fazem parte do nosso património histórico e cultural.

“D. Afonso Henriques é tão grande que chega para
este Portugal que é de todos nós”, resumiu Luís Diamantino, no encerramento da sessão,
referindo-se à polémica do local natal de D. Afonso Henriques. Agradecendo o
empenho dos alunos e reconhecendo a qualidade do espectáculo apresentando, o
Vereador lançou o desafio: fazer nova apresentação, ainda este Natal, mas para
todos os poveiros, no Museu Municipal.