A narrativa de O
Priorado do Cifrão
abre com o misterioso assassinato de um catedrático com
um alfinete de chapéu de senhora na Secção Mesopotâmia do Museu Britânico.

O catedrático de Bristol preparava um livro em
“que atacava com erudição e desusada virulência um autor americano, Ben
Browning, o mesmo que publicara The Caravaggio
Papers
, romance que conhecera um êxito sem precedentes”. Através deste
enredo João Aguiar reflecte sobre o
actual estado da literatura, remetendo para  alguns sucessos literários recentes como O Código Da Vinci de Dan Brown e,
naturalmente, todos os que se seguiram e manipulam o leitor sem provocar nele
qualquer reacção .

João Aguiar defende que “a escrita é um exercício
de sedução, mas há que pôr o leitor a pensar, não chega apanhar o leitor pela
curiosidade ou pelo ‘suspense’”. “Eu escrevo porque quero ser lido,
mas não sou capaz de pensar directamente no leitor quando estou a trabalhar, ou
em criar este ou aquele efeito. Depois espero só que gostem”, acrescentou.

“Uma literatura boa, com ‘l’ maiúsculo não tem de ser uma literatura difícil de
ler, pelo contrário. O meu modelo é a prosa fluida, pois considero que a
simplicidade é um artifício muito grande da escrita”, esclareceu o escritor que
admitiu ser influenciado por Eça de Queirós que considera o grande mestre dos
ficcionistas portugueses.

O autor de O
Priorado do Cifrão
referiu ainda que “se eu souber que servi de ponto de
partida para um leitor, dá-me uma satisfação e prazer únicos”.

Na Póvoa de Varzim, João Aguiar não pode deixar de
recordar a primeira vez que cá esteve, no ano 2000, e que foi o ponto de
partida para a escrita do livro Uma Deusa
na Bruma
, romance sobre a Cividade de Terroso, pelo qual o autor tem uma
ternura especial.