O céu não é humano e o homem que pensa nem sequer pode ser humano.” (Bohumil Hrabal). Criado em 1997, com estreia no CCB, os Artistas Unidos retomam agora, 23 anos depois, um espetáculo criado por António Simão.

Em Praga, há uma cave. Brilhante como uma gruta de tesouros. Sombria e suja como um esgoto. Nessa cave há milhares de livros, centenas de ratos, visões passageiras e palavras que tornam o mundo grande. E há um homem, Hanta. Que há 30 anos empurra afetuosamente os livros, os mais belos e mais banais, para a prensa que os tritura e transforma em cubos de papel. Mas Hanta é um “carniceiro terno”. Sabe salvaguardar as palavras guardando-as na sua memória, para que elas brilhem que nem sóis, e para que esses sóis o ajudem a ver como pode ser a vida de um homem. Por entre a poeira, o suor e o cheiro a cerveja que não pára de beber, Hanta fala-nos. (Evelyne Pieiller).

Este monólogo barroco transporta-nos ao ambiente amarelecido e cru da Checoslováquia de Kafka, afinal símbolo universal do absurdo existencial que povoa as nossas vidas. Uma história simples. Um homem, um funcionário que vive algures numa casa escura e velha cheia de livros. Um homem cuja função é prensar papel velho numa cave; todos os dias toneladas de livros. Um homem solitário, que vive das memórias do passado, das frases livrescas e das canecas de cerveja; como um vagabundo que lê todos os livros que passam nessa cave, um homem culto sem querer; como o “velho do rio” que pensa e filosofa sobre uma série de coisas, que bebe canecas e canecas de cerveja, não para se embebedar, mas para pensar melhor. Um contador de histórias. Um velho que sente estar a ser ultrapassado pelo tempo no qual já não tem lugar. Um poeta da realidade.

Entradas: 7,00€ c/ desconto para estudantes, reformados, menores de 25 anos e maiores de 65, desempregados, pessoas portadoras de deficiência: grupos de 8 pessoas: 5,00€; associados e amigos do Varazim Teatro: 3,50€

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