A Conquista de um espaço de caráter humano

As praças e os largos são, nas cidades, pontos de encontro, espaço de confluência, de chegada e partida para outras ruas. No ritmo da vida moderna, as cidades tendem a esquecer estas clareiras na malha urbana e o seu carácter humano, propício à convivência e à pausa num caminhar apressado.

Como uma ilha, no meio de estradas que a circulavam, o corpo central da Praça do Almada estava, até há bem pouco tempo, afastado da sua dimensão humana, sendo sobretudo um ponto de passagem onde só os mais idosos passavam algum tempo, procurando refúgio do ruído dos carros e do bulício da cidade.

Um quadro bem diferente é o que agora a Póvoa exibe nesta praça, situada bem no centro da cidade. Em pouco mais de nove meses de obra, a Câmara Municipal alterou radicalmente o aspecto da Praça do Almada e devolveu aos munícipes uma extensa área pedonal, arborizada e ajardinada, onde dá gosto passar e parar.

O projecto de renovação da Praça, da autoria de Rui Bianchi, prima por uma aparente simplicidade e pela capacidade de relacionar os aspectos históricos, subjacentes ao espaço, com um carácter de modernidade que enquadram perfeitamente a Praça no rumo que tem vindo a ser definido para a Póvoa de Varzim, na última década, em termos de urbanismo.

A obra recupera o granito, como material típico desta região, investe na arborização e jardins, no mobiliário urbano, na iluminação e em elementos inovadores, como as colunas de seis metros de altura, alinhadas ao longo do lado sul da Praça.

Houve também a preocupação de preservar alguns aspectos do passado, como a manutenção das siglas poveiras, que figuravam no pavimento de uma das metades da Praça, e de não cortar a ligação com toda a envolvente, composta por alguns dos mais belos exemplares de casas de uma Póvoa do século XIX/XX.

No final de Novembro foram plantadas as primeiras de novas 35 árvores, que se juntaram a outras antigas e que permanecem no novo arranjo. Para além de espaços relvados e de canteiros de flores, a Praça do Almada ganhou três novas espécies de árvores: camélias, tílias e 16 prunus (vulgarmente conhecidas como cerejeiras bravas).

Com esta intervenção, a Câmara recuperou o espírito da Praça como espaço de passagem e de encontro das pessoas e transformou-a em mais um local privilegiado para o peão. Um local sem trânsito, aberto, que abre uma nova perspectiva sobre este espaço, que urgia inserir numa nova forma de perspectivar a cidade e a relação das pessoas com os espaços urbanos em que se movimentam no seu dia-a-dia.