Adjudicada num valor de 373.800,60 euros à empresa Cardoso do Monte – Sociedade de Empreitadas, S.A., a obra é, em parte, financiada pelo Instituto de Turismo de Portugal. Esta teve início em Outubro de 2009, estando a decorrer dentro do previsto, sendo que, neste momento, realizam-se os trabalhos de execução da estrutura.

A memória descritiva e justificativa do projecto, da autoria de Rui Bianchi, explica a atitude subjacente a esta empreitada: “A intervenção vai no sentido de preservar tanto quanto possível a pré-existência, naquilo que é a memória, o espaço e as tecnologias da época de construção. No fundo, o seu carácter original e peculiar. Esta atitude valorizará o essencial e possibilitará a preservação de uma estrutura de forte carácter, garantindo a reversibilidade em termos de opções futuras de ocupação. Assim mantêm-se as paredes, os pavimentos, a cobertura, a estrutura e, de um modo geral, as aberturas para o exterior.

Da previsível existência de dois pilares na nave, apenas existe um, prevendo-se a reconstrução do segundo. Os restantes volumes serão demolidos, e substituídos por uma nova construção, de apoio às actividades complementares de formação, administração e convívio.

A ideia passa pela adaptação do espaço principal da nave para salão de música (possibilitando também outras actividades de palco ou de espectáculo) nivelando o pavimento através de uma estrutura de madeira e soalho, e pela reabilitação das paredes, dos tectos e dos vãos existentes.

A existência dos dois pilares e o pé-direito favorável permitiram considerar a construção de uma galeria em madeira, com um espaço mais amplo para sala da direcção e reuniões. Esta galeria cria o efeito de contenção e favorece o comportamento acústico do salão, associado à caixa do pavimento e à forma da cobertura.

No lado interior, beneficiando da diferença de cotas, situam-se serviços de apoio ao salão e aos músicos, com a implantação de instalações sanitárias, balneários e arrumos para equipamento.

Do mesmo lado, exteriormente, a demolição das velhas construções dá lugar a um novo edifício de apoio, cujo programa contém espaços para salas de aula ou estudo, administração, regência e espaços de leitura e convívio. Este edifício, situado a uma cota bastante inferior em relação à nave pré-existente, é servido por lanços de escadas e pela rampa exterior já existentes.

A ideia foi a de lançar um plano horizontal de remate que permitisse uma leitura muito subtil do espaço abrigando por baixo os espaços referidos. Digamos que deixa o protagonismo ao edifício pré-existente, e este remata uma linha natural, horizontal, de pavimento, levantando do chão, conferindo ao conjunto uma hierarquia formal e maior dignidade.

Foi possível garantir o acesso a pessoas com deficiências motoras em autonomia de meios, aproveitando o envasamento existente para se executar uma plataforma de nível até uma porta lateral, que agora se abre para o salão.

A nave aparece na sua expressão natural, apenas se intervindo pontualmente, deixando visíveis os seus elementos construtivos essenciais. Modifica-se o alçado voltado para a rua, dando-lhe mais presença e expressão, através da correcção do vão maior e da construção de uma platibanda que, de algum modo, dignifica o conjunto, lhe dá carácter e a integra na envolvente construída à face do passeio.

Toda a intervenção se resume a uma atitude subtil, de expressão racional, na procura do espaço funcional e da sua própria identidade, permitindo o exercício das actividades para ali previstas sem prejuízo de uma evolução natural dentro da mesma área ou de uma adaptação a outras funções.

Na eventualidade de um dia se recuperarem estes espaços de práticas tradicionais, por razões de carácter histórico e de preservação do património, entendi que se deveriam manter, no essencial os elementos pré-existentes de construção base, numa atitude de reversibilidade, sempre recomendável nestas situações”.

No portal municipal, pode acompanhar as obras municipais do concelho.