Na sessão de apresentação estiveram presentes José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal, João Francisco Marques, Presidente da Comissão Organizadora, Luís Diamantino e Fernando Rocha, Vereadores dos Pelouros da Cultura da Câmara Municipal da Póvoa e de Matosinhos, respectivamente.

Tal como referiu Macedo Vieira, o programa comemorativo “facultará um conhecimento mais próximo e mais autêntico da multifacetada actividade cultural de Rocha Peixoto”, um homem, autodidacta, que tendo vivido apenas 43 anos, incompletos, deixou uma “marca impressiva” para a posteridade, “sobretudo na sua Póvoa de Varzim, no Porto e em Matosinhos, terras a que, por força do seu percurso profissional, mais intimamente se ligou.” Fazendo referência ao vasto rol de instituições “tão prestigiadas da vida cultural portuguesa” que contribuem para o programa comemorativo, como as Universidades do Porto, do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão, ou a Sociedade Martins Sarmento, a Fundação Eng. António de Almeida, os Museus Nacionais de Etnologia e de Soares dos Reis, os Museus de Alberto Sampaio, de D. Diogo de Sousa e de Olaria, ou as Bibliotecas Públicas de Braga e Porto, “representando os territórios onde mais vincadamente Rocha Peixoto deixou a marca cintilante de um génio que se notabilizou como etnógrafo, arqueólogo e bibliotecário”, o autarca acredita estar garantida “a qualidade científico-cultural de todo o programa comemorativo.”

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As comemorações contam com uma Comissão de Honra onde estão presentes, para além de representantes das entidades acima descritas, o Presidente da República e os Ministros da Cultura e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Uma homenagem mais do que merecida a “uma figura cimeira do seu tempo, do universo científico português”, defendeu João Francisco Marques, a quem coube a apresentação do programa comemorativo que se desenrola na Póvoa de Varzim, terra onde Rocha Peixoto nasceu, no Porto, onde estudou “e teve cargos de relevo no ensino” e Matosinhos, “irmão da Póvoa na faina marítima”, onde faleceu a 2 de Maio de 1909. Entre as iniciativas a promover, o professor destacou o colóquio que se realizará a 8 e 9 de Maio e a reedição de A Terra Portuguesa, obra de Rocha Peixoto que será incluído na colecção “Na Linha do Horizonte”. Como projecto para o futuro, João Francisco Marques avançou com o desejo de publicar um livro de actas. “É uma mão cheia, sem dúvida, de promessas e esperanças que se traduzem num tributo humilde a um homem de grande talento”, finalizou.

O programa comemorativo conta ainda com outras actividades, como o lançamento do sítio das Comemorações e da Biblioteca Digital Rocha Peixoto. Este sítio e para além de funcionar como guia através de todo o programa do 1º centenário da morte de Rocha Peixoto, permite aceder a documentos, livros ou fotografias que fazem parte do acervo de Rocha Peixoto. Este foi um trabalho que se desenrolou ao longo de dois anos, e que contou com a colaboração de alunos das Escolas Secundárias Rocha Peixoto e Eça de Queirós. São cerca de 488 as referências digitalizadas, num total de 4.000 digitalizações, sendo que 161 obras de Rocha Peixoto estão totalmente disponíveis através deste meio. O trabalho continua, sendo que vão ficar disponíveis a correspondência, os cadernos de apontamentos, desenhos e fotografias que neste momento estão em fase de estudo e tratamento.

No Museu Municipal estará patente uma exposição que, como explicou a directora Deolinda Carneiro, explora as vertentes de naturalista, coleccionista, museólogo e arqueólogo de Rocha Peixoto, assim como a sua paixão pela cerâmica. Uma exposição possível devido à colecção que a Câmara Municipal adquiriu à família de Rocha Peixoto, pouco após a sua morte e que mostra o bom gosto do poveiro “no que respeita às artes decorativas e de revestimento, à cerâmica, faianças e azulejos.” Já na Biblioteca Municipal decorrerá uma exposição documental, com material tratado e inventariado.

Aproximando a figura de Rocha Peixoto à comunidade escolar, o programa prevê a realização de sessões pedagógicas em escolas do concelho, com a apresentação de um filme sobre a vida e obra de Rocha Peixoto. Este filme, que tem a duração de 15 minutos, foi realizado pela historiadora Sofia de Azevedo Teixeira, que pretendeu focar “a sua faceta de sonhador” assim como “os caminhos que ele terá percorrido para contactar com as pessoas, as tradições e os costumes”, explicou a realizadora. O trailer do filme foi exibido durante a sessão de apresentação e está disponível no Youtube

Também o Boletim Cultural “Póvoa de Varzim” homenageia Rocha Peixoto. Maria da Conceição Nogueira, Directora do Boletim, explicou que será organizado um número temático que terá o contributo de especialistas nas várias áreas científicas estudadas por Rocha Peixoto, assim como textos evocativos de vários autores. Maria da Conceição Nogueira adiantou que o lançamento deste próximo número, o 43, do Boletim Cultural deverá acontecer no âmbito do encerramento das comemorações.

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Uma sessão filatélica, a apresentação da medalha evocativa, uma sessão de homenagem e ainda a colocação de um busto na Biblioteca Municipal são outras das actividades previstas e que podem ser consultadas no sítio das comemorações.

No final, Luís Diamantino, elogiou o trabalho desempenhado até agora, sublinhando a importância de incluir a comunidade escolar nas comemorações. A exemplo disso, e como forma de agradecer o trabalho dos alunos envolvidos na construção do sítio oficial das comemorações, o Vereador procedeu à entrega de diplomas aos alunos envolvidos no projecto.

Da sessão de apresentação perdura a ideia de que Rocha Peixoto foi um homem que, tendo vivido tão pouco, viveu intensamente, estudando diversas áreas do saber. Este programa comemorativo é assim mais do que uma homenagem. É também a oportunidade de conhecer mais profundamente o trabalho que desempenhou, fazendo renascer a semente da procura do saber que Rocha Peixoto deixou à sua Póvoa de Varzim, e que apaixonou outros ilustres poveiros como António Santos Graças, Cândido Landolt ou Flávio Gonçalves.