Tempo médio – 2h00

Kms – 4.7 km

O MAR está sempre presente na alma do poveiro; ele é a personagem central da cidade, que se estrutura em função da sua presença. Nele o poveiro encontra o sustento, o lazer, a animação e a tranquilidade.

 

Ponto de partida: Posto de Turismo

Saindo do Posto de Turismo, vire à direita e siga pela Rua Manuel Silva e Rua João Dias até ao Largo Elísio da Nova. Daí siga pela Rua 31 de Janeiro, pedonal, entrando no coração do «Bairro Sul», verdadeiro Quarteirão De Pescadores.

Espreitando para as ruelas interiores da Assunção ou da Lapa, poderá apreciar a comunidade piscatória que, desde o século XVIII se foi concentrando aqui. Encontrava-se, assim, mais perto do mar, mais coesa na defesa dos seus interesses e reforçada na sua identidade cultural. Na dependência direta e exclusiva da pesca, aí formaram uma comunidade fechada – «colmeia» – que evitava a miscigenação com outras classes e se regia por regras próprias. O aforamento desta zona de dunas, no século XVIII, implicou uma divisão em parcelas que obedeceu a um princípio básico: a facilidade de acesso ao mar. Isto obrigava a várias vielas de passagem e ao maior aconchego possível de habitações na proximidade do oceano. Daí resultaram casas estreitas e pequenas, com quintais compridos, o que satisfazia as parcas necessidades habitacionais dos pescadores e, por outro lado, permitia guardar os compridos aprestos marítimos. Os arruamentos e habitações de hoje perpetuam as características assim definidas e continuam a transmitir o pulsar da comunidade piscatória atual, sendo um espaço privilegiado de convívio da mulher poveira, figura típica, a quem normalmente cabe a administração da casa e tutela dos filhos.

Independentemente do destino tomado irá desaguar ao Largo António Nobre e à Igreja da Lapa.

O Largo António Nobre, que recebeu o nome do poeta e onde está um busto deste grande admirador do pescador poveiro, é o espaço predileto de reunião dos homens da pesca. Num convívio estritamente masculino, aqui passam horas de ócio a jogar, a observar o mar e a debater as questões da classe.

Ao lado encontra-se a Igreja Da Lapa, datada de 1772, templo simples e modesto, como a classe piscatória que o mandou edificar e que aqui venera a sua padroeira, Nossa Senhora da Assunção. Na parte voltada para o mar um pequeno farolim, agora desativado, reforçava a ligação prática e sentimental entre esta igreja e os pescadores na faina. Para além de uma imagem de Nª. Srª. da Lapa, encontra-se um painel invocativo da grave tragédia de 27 de Fevereiro de 1892, que marcou profundamente a comunidade e os seus costumes.

Atravesse a estrada na direção poente. À sua esquerda poderá vislumbrar a moderna Marina da Póvoa de Varzim, que hoje é também uma importante via de chegada a esta cidade. Do seu lado direito, o Porto De Pesca. Desde o século XI que a baía natural da Póvoa de Varzim serviu de ponto de partida a embarcações que, com o correr dos tempos, o homem foi aperfeiçoando; de entre elas, destaca-se a Lancha Poveira que, embora rápida e facilmente manuseável, não resistiu à moderna tecnologia (aprecie a réplica atracada na Marina). O Porto de Pesca merece uma visita. Toda a azáfama e colorido das chegadas e partidas das embarcações são sempre espetáculos inesquecíveis.

Siga agora para norte, sempre pela marginal, e vá desfrutando dos espaços de lazer até encontrar o Monumento À Peixeira. Inaugurado a 28 de Junho de 1997, este monumento evoca a lota do peixe, sendo protagonizado por um grupo de mulheres em plena atividade. É uma homenagem à mulher poveira, que sempre teve um lugar preponderante na comunidade piscatória.

Olhando para a direita, encontra o monumento a s. Pedro que, em 1996, foi colocado onde melhor fica expressa a ligação entre S. Pedro e os seus devotos poveiros – sobranceira ao Porto de Pesca.

Um pouco mais a norte surge a Fortaleza De Nossa Senhora Da Conceição (Imóvel de Interesse Público), cuja construção teve como objetivo a defesa aos ataques de pirataria. Edificada nos reinados de D. Pedro II e D. João V (1701 a 1740) possui um traçado pentagonal e compõe-se de quatro baluartes ligados pelas respetivas cortinas de muralhas.

Continue a caminhar na mesma direção. Vai encontrar agora o Casino Da Póvoa, edifício de moldes neo-clássicos, ao estilo da escola francesa de Garnier. Curiosamente, numa época em que a utilização do betão armado era corrente, ele foi construído com espessas alvenarias e grandes madeiramentos. Em 1931 Rogério de Azevedo substituiu o então responsável pela obra, o arquiteto José Coelho, sendo da sua autoria as fachadas (principal e laterais) e o desenho da cobertura. Inaugurado em 1934, é um espaço privilegiado de convívio e diversão, dispondo de uma ampla oferta na área dos jogos tradicionais e das slot machines.

Desfrute do espaço envolvente do Casino, repare na estátua de Fernando Pessoa, da autoria de Francisco Simões e pare um momento para apreciar um valioso Painel De Azulejos, existente no paredão que divide o areal da praia da zona pesqueira. Da autoria do poveiro Fernando Gonçalves (Nando), retrata cenas da Póvoa antiga e os heróis poveiros. Aproveite ainda para, à entrada do porto de pesca, admirar o Monumento Ao Pescador, de João Cutileiro (2004).

Siga para o Passeio Alegre. Este amplo espaço sofreu alterações urbanísticas profundas em 1998, reforçando-se ainda mais como local privilegiado de animação da cidade, justificando plenamente o nome que o designa. A destacar-se neste cenário, encontra-se o Monumento Ao «Cego Do Maio». Nascido em 1817 e falecido a 1884 este é, sem dúvida, o mais emblemático da larga galeria de heróis poveiros. Homens simples, pescadores por profissão, moldaram a sua conduta nos preceitos de inter ajuda que a vida em comunidade determinava. Cego do Maio, de seu nome José Rodrigues Maio, arriscou a sua vida dezenas de vezes restituindo-a aos seus companheiros e a tantos outros náufragos. As suas proezas heróicas mereceram, entre outras, o maior galardão nacional: o Colar da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, insígnia que lhe foi colocada pessoalmente pelo Rei D. Luís I.

Entre agora na av. Dos banhos. Esta larga avenida corre paralela à praia, sendo particularmente indicada para caminhadas descontraídas e passeios de bicicleta, possuindo para tal uma pista própria. Do seu conjunto ressalta a ideia de um espaço moderno, miradouro voltado para o oceano, apoiado por um grande número de estabelecimentos turísticos, como restaurantes, bares e discotecas, dos quais se destacam os situados em pleno areal. Desde aqui poderá usufruir da praia e do mar.

Praia é ampla, de fácil acesso. Servida por uma areia de textura única, ela é entrecortada por maciços rochosos que lhe marcam a individualidade e que, na baixa-mar, oferecem um motivo complementar para os calcorrear: a intensa vida marinha que aí decorre.

Mar é constantemente animado por embarcações de pesca, de recreio ou desportivas. Para além dos tradicionais desportos náuticos, como a vela e a pesca desportiva, também a praia da Póvoa foi conquistada por outras modalidades, como o surf e o bodybord. O mar parece mesmo ser um grande inspirador desportivo, pois na sua proximidade concentram-se as principais estruturas desta natureza: Complexo De Piscinas olímpicas, Academia Municipal De Ténis E Squash, Estádio De Futebol E Pavilhão Desportivo Polivalente.

Chegando ao fim da Av. dos Banhos, está no Largo Dr. José Pontes. Poderá seguir em frente e desfrutar do agradável espaço da Marginal Norte, ou poderá virar à sua direita, encontrando, um pouco mais à frente, a Praça de Touros da Póvoa de Varzim, equipamento momentaneamente desativado, que no futuro se transformará na Arena Póvoa de Varzim e, logo a seguir, o Monumento «Às Gentes Da Póvoa De Varzim», da autoria do escultor Rui Anahory. Inaugurado a 15 de setembro de 1995, através da sua simbologia homenageiam-se as comunidades que estão na génese deste concelho: a agrícola e a piscatória.

Aconselhamos o regresso pela Av. dos Banhos, percorrendo-a, desta vez, de norte para sul. Se desejar, perto do limite sul do concelho, sugerimos-lhe que continue pela marginal até à rica e histórica cidade de Vila do Conde.