A Camisola Poveira é o primeiro produto do concelho certificado e com Indicação Geográfica Protegida.

De lã branca de fio grosso, da zona da Serra da Estrela, a Camisola Poveira remonta ao primeiro quarteirão do século XIX. Bordada e decorada a ponto de cruz utiliza, essencialmente, motivos marítimos e siglas. As cores utilizadas são três: o branco (a cor da malha), o vermelho e o preto (bordadas sobre a camisola, a ponto de cruz).

Esta peça integrava o traje masculino de romaria e festa do pescador poveiro, sendo sempre a peça escolhida quando a presença de elementos da comunidade junto das mais altas individualidades políticas era necessária.

No dia 27 de fevereiro de 1892, a comunidade piscatória sofreu uma traumática perda: 105 homens perderam a vida no mar, 70 pescadores poveiros e 35 pescadores da Afurada. Uma tragédia que levou à fundação do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) por ordem da Rainha D. Amélia. 

Com esta grande tragédia marítima, o luto decretou o fim do uso deste traje branco. Apenas em 1936, com a criação do Grupo Folclórico Poveiro, António Santos Graça recuperou a vistosa e original Camisola Poveira.

Esta peça sofreu uma evolução ao longo do tempo. Inicialmente, as camisolas eram mais simples, ficando a zona do bordado confinada praticamente à zona do peito. Com o decorrer do tempo, a valorização cultural do produto e a maior disponibilidade de tempo das artesãs, aumentaram significativamente o número de elementos bordados. Houve a integração de novos temas, chegando a ser comum bordar o nome do utilizador.

O Município da Póvoa de Varzim inaugurou, em dezembro de 2021, o Centro Interpretativo e de Formação da Camisola Poveira, um espaço onde é possível conhecer melhor a história desta peça icónica da nossa identidade local.