Na sexta-feira, 16, a Igreja Românica de S. Pedro de Rates recebe o Capilla Flamenca, que pela primeira vez marca presença no FIMPV, trazendo o “Cântico dos Cânticos”. Segundo um dos elementos do grupo, Dirk Snellings, “a Capilla Flamenca esteve durante alguns anos sob o encanto do poder poético e musical do “Cântico dos Cânticos”. O tratamento deste exaltado amor ao longo dos tempos proporciona-nos uma oportunidade única de delinear a evolução da nossa cultura. O misticismo do espírito medieval teocêntrico dá lugar, por volta de 1500, à sensualidade do homem egocêntrico da Renascença. Hoje, as diversificadas camadas significantes do “Cântico dos Cânticos” falam à nossa imaginação tão claramente como sempre”.

O agrupamento vocal e instrumental Capilla Flamenca – literalmente, a Capela Flamenga – adopta a designação da antiga capela musical da corte do Imperador Carlos V. Quando este soberano deixou os Países Baixos em 1517, convidou os seus melhores músicos a segui-lo para Espanha, visando aí perpetuar uma “polifonia viva”. A actual Capilla Flamenca recruta os seus músicos especializados principalmente na Flandres e procura reconstituir em toda a sua autenticidade esta música magnífica composta nos séculos XV e XVI. Hoje e segundo os programas, o núcleo vocal da Capilla Flamenca (contretenor – tenor – barítono – baixo) junta-se a outros cantores, a uma “alta capella” (instrumentos de sopro), a uma “bassa capella” (instrumentos de cordas), ou ainda a um órgão. A sonoridade polifónica e transparente da Capilla Flamenca nasce de um trabalho interactivo e criativo dos músicos, que atentamente se consagram aos aspectos históricos, poéticos e técnicos da interpretação das obras polifónicas. A partir deste repertório, Dirk Snellings, em colaboração com musicólogos de renome, concebe programas únicos abrindo novas perspectivas. Alguns dos programas misturam diferentes disciplinas artísticas, o que lhes confere um lugar particular na paisagem cultural da actualidade. A Capilla Flamenca obteve relevantes prémios internacionais pela enorme qualidade artística e musicológica dos seus programas, como, entre outros, o “Prix Culturel de Flandres” para Musique 2005 e Il Filharmonico. Também os CDs da Capilla Flamenca foram galardoados com numerosos prémios: “Chocs” de Le Monde de la Musique, “Diapasons d’Or”, “10” de Répertoire, dois Prémios “Caecilia” da imprensa musical belga e o “Prix Musique” 2004 de Klara.

Cristina Ortiz
Cristina Ortiz

E para celebrar o bicentenário do nascimento de Fryderyck Chopin, o FIMPV contará com a actuação de Cristina Ortiz, no sábado 17, no Auditório Municipal, num recital consagrado a duas séries fundamentais na obra do autor e de todo o acervo pianístico: baladas e scherzi. As quatro Baladas foram escritas ao longo de 12 anos. Na música, a designação “Balada” nunca foi definida de forma clara. No séc. XII era uma canção de dança de origem provençal. Chopin terá sido quem primeiro deu este título a uma composição instrumental, que passa então, ao longo do século XIX, a evidenciar um carácter lírico, épico e dramático. Referindo-se ao conjunto das quatro Baladas de Chopin, Murray Perahia assinala que “(…) cada uma possui uma estrutura individual, onde reinam o espírito de improvisação e a liberdade da forma”. Nenhum dos Scherzi de Chopin tem qualquer relação com o scherzo da sonata clássica. São peças amplamente desenvolvidas, em compasso ternário – abundantes de fantasia, tumultuoso ardor, apaixonadas e por vezes dramáticas.

Apesar de Cristina Ortiz residir em Inglaterra há vários anos, é a paixão, espontaneidade e fascínio tão característicos da sua herança cultural brasileira que se tornam centrais na sua maneira de reproduzir a música. Ao longo de mais de 25 anos como concertista internacional, desenvolveu uma ligação única com o público um pouco por todo o mundo, convertendo-se numa das mais populares e solicitadas solistas.

Essa paixão abrange a maior parte do repertório e um compromisso não só com recitais mas também com a música de câmara em colaboração com artistas como António Meneses, Truls Mork, Kurt Nikkanen e Uto Ughi. Detentora de dons excepcionais de comunicação, realiza com paixão masterclasses e workshops, verdadeiras fontes de inspiração para estudantes de todo o mundo musical.

Com o Fine Arts Quartet, Cristina Ortiz gravou em 2007 e 2008 os quintetos com piano de Gabriel Fauré e César Franck, para a etiqueta Naxos. Estas gravações, publicadas em 2009, foram galardoadas pela crítica internacional.

Na segunda-feira, 19, o Auditório Municipal recebe, novamente, Cristina Ortiz que actuará com o Fine Arts Quartet.

fine arts
Fine Arts Quartet

Fundado em Chicago em 1946, o Fine Arts Quartet é dos agrupamentos mais relevantes na música de câmara actual, com um impressionante historial de sucessos concertísticos e um extenso legado de gravações, ao longo de mais de meio século. Os seus membros são artistas em residência na University of Wisconsin-Milwaukee. Ralph Evans, Efim Boico e Wolfgang Laufer tocam juntos há mais de 25 anos. O violetista Chauncey Patterson juntou-se ao agrupamento, substituindo Yuri Gandelsman recentemente retirado.

Em cada temporada, o Fine Arts Quartet faz digressões por todo o mundo com concertos em centros musicais.

Recentemente, publicaram a obra completa de música de câmara de Anton Bruckner, os quartetos e quintetos com piano de César Franck, os quintetos de Gabriel Fauré, os primeiros quartetos de Beethoven e três quartetos de Shostakovich.

Os membros do Quarteto ajudaram a formar e educar muitos dos agrupamentos jovens de hoje. Foram professores convidados dos conservatórios nacionais de Paris e Lyon, assim como das Escolas de Verão na Yale University e Indiana University. São também regularmente convidados para integrarem júris de concursos internacionais como os de Evian, Shostakovich e Bordeaux. O Fine Arts Quartet apresentou-se em diversos documentários da Televisão pública americana e também na francesa.

Todos os concertos têm início às 21h45 e a reserva de bilhetes poderá ser feita, antecipadamente, no portal municipal, onde pode também acompanhar o 32º FIMPV.