Usando a linguagem de um relatório policial, Lobo Antunes relata
o quotidiano de um bando, oriundo de uma zona a que chama simplesmente Bairro e
que evoca as zonas periféricas das grandes cidades e o leitor percorre, como se
fosse sua, a vida de pessoas que vivem na pior parte do pior sítio do mundo.

“O
Meu Nome é Legião” anuncia uma inovação na técnica narrativa do autor: “E
não tenho medo dela, não tenho medo de vocês, não tenho medo de nada, os
plátanos do pátio, mil plátanos de berma de estrada que vou ultrapassando um a
um neste carro roubado com a velha no outro banco a dizer-me – Menino”.

Depois
de aqui ter apresentado, em Março do ano passado, o “Terceiro Livro de
Crónicas”, António Lobo Antunes regressa à Biblioteca Municipal para partilhar
com os leitores este seu novo romance e alguns momentos de conversa, como só
ele sabe.

Lobo Antunes nasceu em Lisboa, em 1942. Estudou na
Faculdade de Medicina de Lisboa e especializou-se em Psiquiatria, tendo
exercido, durante vários anos, a profissão de médico psiquiatra. Em 1979
publicou os seus primeiros livros, “Memória de Elefante” e “Os Cus de Judas”,
seguindo-se, em 1980, “Conhecimento do Inferno”. Estas primeiras obras são
marcadamente biográficas, estão muito ligadas ao contexto da guerra colonial e imediatamente
o transformaram num dos autores contemporâneos mais lidos e discutidos, no
âmbito nacional e internacional. Todo o seu trabalho literário tem, ao longo
dos anos, sido objecto dos mais diversos estudos, académicos ou não, e o número
de distinções literárias, nacionais e internacionais, é vasto: conquistou duas
vezes, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa, o Prémio
Europeu de Literatura (Áustria), o Prémio Ovídio (Roménia), o  Prémio Internacional de Literatura da União
Latina (Roma), o Prémio  Rosalía de
Castro (Galiza), o Prémio Jerusalém de Literatura, o Prémio Iberoamericano das
Letras José Donoso e o Prémio Camões, entre outros.