À frente dos destinos do município desde 1994, Macedo Vieira recordou que avançou com um projecto “que alterou radicalmente as políticas urbanísticas, implementando uma renovação a todos os níveis”. Como resultado, “a cidade adquiriu uma estratégia e orientação renovadas, com respeito pelas suas riquezas culturais e históricas, próprias de uma cidade balnear, de lazer e de cultura”. Assim, considera, a Póvoa de Varzim tornou-se uma referência nacional, tendo o município sido galardoada, ao longo dos anos, com prémios diversos. Quanto ao futuro, defendeu que a Póvoa de Varzim será “seguramente, uma cidade competitiva, uma cidade ganhadora. Porque, apesar das crises, e apesar das correcções de rota que as mesmas impõem, sabemos qual é o nosso rumo e o contexto em que nos inserimos. Por isso pensemos global para agir localmente”.

O Presidente da autarquia afirmou que “o contributo de munícipes e cidadãos não foi esquecido neste percurso de sucesso da Póvoa de Varzim” e, por isso, “é com muita honra que, todos os anos, o grande momento de celebração do nosso Dia é dedicado à distinção daqueles que, no nosso entendimento, mais se distinguiram no contributo para este nosso desiderato colectivo”.

Sobre o homenageado Amândio Rocha, Macedo Vieira lembrou “que na Póvoa de Varzim se radicou desde muito jovem, que aqui estudou e se fez homem, e que daqui partiu para o Brasil onde constituiu família e realizou bem sucedida actividade profissional; o Sr.Amândio Rocha que, em S. Luís
do Maranhão, se fez Embaixador da Póvoa, cuja cultura e encantos se não cansa de proclamar, e que na Póvoa de Varzim constituíu, na Biblioteca
Municipal, o mais completo e especializado acervo da cultura Maranhense; o Sr. Amândio Rocha que, já proclamado “Cidadão de S. Luís”, transportava consigo a nostalgia de não ser, ainda, reconhecido como Poveiro, ele que tão solidamente construíu, à margem de protocolos, um intercâmbio cultural entre as suas duas cidades”.

Amândio Rocha, que se fez acompanhar por familiares e amigos numa comitiva numerosa de maranhenses, disse, emocionado, que “esta cidade representa uma parte importante de mim. Cá passei momentos felizes. A Póvoa tornou-se residente no meu coração”. Sobre o homenageado, José de Azevedo teceu inúmeros elogios afirmando que “não conheço poveiro tão saudoso nem tão amigo da sua terra que, a partir de hoje, passa a ser património da Póvoa de Varzim”.

A distinção de Rui Vieira Nery deve-se fundamentalmente ao seu contributo para o Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim, como Macedo Vieira transmitiu: “o musicólogo, professor, o investigador, o ensaísta, o conferencista, o crítico e colunista musical, o divulgador da música erudita que, desde 1998, brinda o público do nosso Festival Internacional de Música com uma Conferência sobre temáticas de programação do próprio Festival; Rui Vieira Nery, a quem o Festival deve a parceria que, desde a sua passagem pelo Governo, estabeleceu com a Secretaria de Estado da Cultura, parceria que é importante para a sua sustentabilidade e prestígio crescente; Rui Vieira Nery que, mercê da ligação ao Festival, nos planos técnico e cultural, criou e consolidou uma relação afectiva com a cidade e connosco, que esta tem o dever de retribuir, envaidecendo-se ao incluí-lo entre os seus filhos adoptivos”.

Grato pelo reconhecimento, o musicólogo disse que “a Póvoa de Varzim não me deve nada porque me pagou em afecto mais do que deveria receber”, acrescentando que “a medalha só vem confirmar o carinho que há muito sinto dos cidadãos poveiros”. “Sou da Póvoa de Varzim”, concluiu.

Sobre Nery, José Luís Borges engendrou um elogioso discurso enumerando os variadíssimos dotes musicais e definindo-o como um “um investigador para o conhecimento do nosso passado musical, desvendando o nevoeiro que o encobre”.

A Medalha de Reconhecimento Poveiro Grau Ouro foi atribuída a “O Comércio da Póvoa de Varzim”, como Macedo Vieira anunciou:”E é também com júbilo e gratidão que, neste ano que assinala o 1º Centenário da implantação da República em Portugal, associamos ao Dia da Cidade o reconhecimento da Póvoa de Varzim para com o decano dos seus jornais, aliás, um dos mais antigos títulos da imprensa portuguesa; “O Comércio da Póvoa de Varzim”, que antes de 1910 lutou pelo ideário republicano, e que após aquela data sempre se proclamou defensor do mesmo; “O Comércio da Póvoa de Varzim” que associou essa condição à de defensor dos interesses superiores da Póvoa e do seu concelho, dando o bom exemplo das práticas locais do ideário republicano; “O Comércio da Póvoa de Varzim”, cujas páginas centenárias registam memórias indissociáveis da nossa história e de algumas grandes causas do nosso desenvolvimento; um jornal, cuja associação à República nos oferece, seguramente, uma das mais felizes oportunidades de assinalar o centenário do 5 de Outubro, constituindo, por isso, o momento adequado para que a cidade lhe testemunhe o reconhecimento pelo exemplo ético que sempre presidiu à sua actividade jornalística e que é a razão maior da sua longevidade, e ainda que todos possam ver nesta homenagem o simbolismo da importância da Imprensa Local”.

Alberto Faria Frasco proferiu o discurso do seu irmão Manuel Faria
Frasco referindo que “a medalha é de todos porque todos fazem parte da história do jornal”. Sobre “O Comércio da Póvoa de Varzim”, Vasco Santos Graça de Oliveira referiu-se ao nascimento do periódico em 1903, “um jornal republicano que sempre se pôs ao lado dos mais fracos e lutou pela justiça e interesses locais” e terminou falando do orgulho “duplamente” sentido pelo reconhecimento da Câmara Municipal que para além da medalha que atribui, dá uma lição de democracia.