A emoção e o silêncio marcaram um primeiro momento em que foram lembradas duas personalidades que já estiveram presentes em edições anteriores do Encontro de Escritores de Expressão Ibérica, o jornalista Carlos Pinto Coelho e o artista moçambicano Malangatana, ambos falecidos em 2010. Fazendo jus à expressão “há imagens que valem mais que mil palavras”, a organização do Correntes projectou fotografias destas duas individualidades da cultura trazendo-as para junto de todos quantos encheram o Auditório Municipal.

Carlos Pinto Coelho, que já havia confirmado a sua presença no Correntes com um ano de antecedência, foi evocado “Tu estás aqui nesta revolução cultural que acontece todos os anos na Póvoa. Obrigada por teres vindo, Carlos”.

“Tu estás aqui. A tua ausência que nos enche com a tua presença. Contamos contigo sempre.” Estas foram algumas das frases que invocaram Malangatana.

Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, transmitiu a sua comoção com silêncio, “não vale a pena dizer mais nada. Já está tudo dito”, acrescentando que “as Correntes são uma emoção. Somos todos uma família, os que por aqui passam e os que são lembrados desde Prado Coelho, Rosa Lobato Faria, Malangantana e Carlos Pinto Coelho”.

A homenagem deu lugar aos agradecimentos que antecederam a entrega de prémios. O Vereador da Cultura afirmou que “investir na cultura, neste momento, é um sacrilégio” e, para contrariar este facto, está convencido que temos que fazer mais e parafraseando Cesário Verde assumiu que “os obstáculos estimulam-me”. E a propósito de ir ao encontro e procurar ajuda, Luís Diamantino contou, a título de exemplo, que o catálogo da exposição “Rostos e Pessoas” de Hélder Carvalho, patente no Museu Municipal, resultou do patrocínio do Casino da Póvoa após solicitação da organização do Correntes. “A cultura é um veículo de promoção. Isto não é gastar, é investir”, sugeriu.

Agradeceu aos patrocinadores, o Casino da Póvoa, a Norprint, a BMCar e o Axis Vermar, lembrou os apoios da Porto Editora, da Quetzal, da Papelaria Locus, do Instituto Cervantes, da Embaixada do México, do Ministério da Cultura da Argentina, do Instituto Camões e os parceiros Booktailors, revista LER, Jornal de Letras, Universidade do Porto, Cineclube Octopus e Varazim Teatro.

Inácio Sousa Lima, representante da Fundação Dr. Luís Rainha, entregou o Prémio Fundação Dr. Luís Rainha a Ana Paula Braga Morais Mateus, que venceu com o trabalho intitulado “Sete estórias do vento salgado”. A vencedora, que agora irá ver a sua obra publicada, recordou que decidiu concorrer a este prémio porque sendo para falar da Póvoa de Varzim, era algo que lhe dava muito prazer. “Saiu por impulso porque era para falar da minha cidade, que eu amo”, confessou Ana Paula Mateus. No âmbito deste concurso também foram atribuídas duas menções honrosas: a Pedro Manuel Martins Baptista, que concorreu com o trabalho “Indícios para um cântico poveiro” e a José António Ribeiro de Azevedo, pelo trabalho “Patrão Lagoa – o sonho de ser Cabo-do-Mar”.

Paulo Gonçalves, da Porto Editora, que entregou o Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas/Porto Editora, explicou que este surgiu há três anos e “visa premiar a criatividade no plural. Trata-se de um prémio colectivo que promove também o companheirismo na turma e é uma oportunidade da escola se envolver na motivação dos seus alunos pela escrita”. Os seis alunos que constituem a Turma 15 da Escola EB1/JI de Medo, de Riba de Âncora, Vila Praia de Âncora, subiram ao palco acompanhados da professora para receberem o primeiro prémio pelo trabalho “O Sonho da Violeta”. Vindos de uma escola que está prestes a fechar, este galardão foi motivo de orgulho para a professora que fez questão de lembrar que “das escolas pequenas fazem-se coisas grandes”. De Póvoa de Lanhoso vieram à Póvoa de Varzim, alunos e professora da Turma 40, do Centro Educativo do Cávado – Monsul para arrecadarem o 2º lugar com “Uma Aventura no Castelo de Lanhoso”. Também uma freguesia da nossa cidade foi premiada em 3º lugar, a Turma A, da Escola EB1 de Cadilhe, Amorim, com “Uns Peluches Especiais”, que levou alunos e professora, acompanhados dos seus peluches, ao palco.

Foram ainda atribuídas menções honrosas aos alunos do 4º ano do Colégio da Arrábida – Azeitão, Setúbal, pelo conto ilustrado “O Planeta Amarelo”, que se fizeram representar pela sua professora, e aos alunos, acompanhados da respectiva professora do 4º ano da Turma 9 da Escola EB1 de Nogueira, Braga, exclusivamente pelo texto de “O Verdadeiro Natal”.

Alfredo Costa, da Papelaria Locus, não entregou o Prémio Literário Correntes d’Escritas/ Papelaria Locus na sessão porque a vencedora, Ana Filipa Cravina dos Reis, que concorreu com o poema “Esquecimento”, não pôde estar presente na sessão.

Por último foi entregue o Prémio Literário Casino da Póvoa, no valor de 20 mil euros, a Pedro Tamen pel’O livro do sapateiro. Pedro Tamen afirmou “o sapateiro saiu da sua cave e está aqui tentando macaquear os oscarizados de Hollywood. Costuma dizer-se que o valor de um prémio se aufere pelo valor daqueles que o concedem e o júri deste prémio merece todo o respeito. Quando soube o naipe de finalistas, pus de parte a hipótese de o vencer. Um assomo de humildade convenceu-me que me escolheram por ser o mais velho”.

O Correntes d’Escritas segue agora para Lisboa, onde a 1 de Março, decorre uma 10ª mesa de debate, no Instituto Cervantes. Revisite o evento no portal municipal.