Seguiu-se, no Museu Municipal, a Conferência “Elísio da Nova, o herói poveiro da Grande Guerra. No centenário da sua morte em combate”, pelo Comandante José António Rodrigues Pereira.

O Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, e o Capitão dos Portos da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, Comandante José Marques Coelho, presidiram à sessão no Largo Elísio da Nova, que contou com a presença do Comandante da Escola Prática dos Serviços, José Manuel Almeida de Rodrigues Gonçalves, do Comandante conferencista, e ainda com familiares do homenageado.

Sobre o homenageado, o Presidente da Câmara recordou que “Elísio da Nova, um homem do nosso Bairro Sul, nascera e crescera na “cultura de altruísmo” que a nossa colmeia piscatória construiu e sedimentou como marca da classe – aquilo que para a nossa história trágico-marítima ficou conhecido como a “Epopeia dos Humildes”, tão bem retratada e exaltada, em épocas diferentes, por António Santos Graça e José de Azevedo. Morreu seguindo o exemplo de outros poveiros, cuja memória estava ainda muito viva quando Nova nasceu e cujos feitos lhe eram, por tradição, familiares. Morreu noutras circunstâncias, noutro mar, mas na mesma missão: resgatar vidas. Mesmo se, como foi o caso, à custa da própria”.

Aires Pereira transmitiu que não esquecendo a Pátria os que a servem, “a Elísio da Nova, postumamente promovido e condecorado, levantou a terra-mãe, através do Clube Naval, um monumento, no centro de um espaço nobre a que o município atribuíra o seu nome, bem como atribuiu, através do Ministério da Marinha, o nome do Posto Naval da Apúlia. Elísio da Nova, pela forma como soube morrer, ganhou o direito à imortalidade”.

O edil terminou agradecendo a presença de todos e, particularmente, na pessoa do Comandante Marques Coelho, a participação da Marinha Portuguesa que, “nos últimos tempos, e mercê da sucessão de efemérides que vimos assinalando, reforça uma ligação antiga, que com proveito recíproco temos sabido cultivar e aprofundar. Uma ligação com passado, presente e, assim desejamos, muito futuro”.

Após fazer uma contextualização do cenário de guerra vivido desde 1914 com a Grande Guerra, o Comandante José António Rodrigues Pereira descreveu o dia 14 de outubro de 1918 em que a embarcação “Augusto de Castilho”, um arrastão da pesca do bacalhau convertido em vaso de guerra, com duas pequenas peças de artilharia, acompanhava o paquete S. Miguel, do Funchal para Ponta Delgada. Do fundo do oceano surgiu o U-139, um dos mais modernos e mortíferos submersíveis da marinha alemã que tentou atacar o paquete. Com uma coragem inaudita o comandante Carvalho de Araújo lança-se no ataque ao submarino com as suas pequenas peças. No posto de telegrafista o jovem poveiro Elísio da Nova pede ajuda sem parar, alertando para o perigo da presença do submarino. Cientes desde facto os alemães tratam de atingir a ponte do navio onde se encontrava o posto de TSF, ferindo mortalmente Elísio da Nova.

Em 1963 foi inaugurado o monumento Elísio da Nova, construído por iniciativa do Clube Naval Povoense, da autoria do arquiteto Rui Calafate. Nele foi colocada a efígie do homenageado, em bronze, oferta do Ministério da Marinha e que figura, igualmente em todas as estações radionavais da marinha portuguesa.

O Comandante José Marques Coelho transmitiu que “temos o privilégio de viver num território com uma história muito rica, muitas delas ligadas ao mar” acrescentando que se sentia muito “orgulhoso” por ter a mesma especialização que Elísio da Nova – comunicações –, “um herói que, juntamente com os que estavam a bordo, conseguiu salvar 208 pessoas que iam no navio. Isto evidencia o valor que cultivamos na cultura militar: a abnegação ao serviço dos outros”.

A tarde terminou com uma visita guiada à exposição sobre a Grande Guerra patente no Museu Municipal.