Sobre as obras apresentadas nesta exposição, o artista explica que “de há quatro anos a esta parte o meu trabalho tem sofrido uma transformação profunda no modo como desenho e pintura interagem. A necessidade de cor diminuiu e  a  linha  como  elemento gráfico veio ocupar o papel central. O que me interessa e move no meu trabalho prende-se com a necessidade de pintura e desenho deixarem de estar separados taxonómica e processualmente. Isto é possível através da utilização de dois elementos comuns que tornam essa aproximação possível: tinta e pincel. Embora a tinta e os pincéis não sejam exatamente os mesmos, eles permitem aproximar  a  técnica  de  modo  a  haver  uma  completa  interação.

Quando trabalho sobre tela penso em desenho como quando trabalho sobre papel, sem que  suporte,  dimensão  ou  materiais interfiram na minha ação. A transição entre cadernos, folhas e telas é um movimento contínuo onde a linha é o elemento visual que os percorre e unifica. O verdadeiro tema do meu trabalho é  a  linha porque é através dela que posso organizar imagens que representam plantas, pés, corpos, pássaros, paisagens, ruínas e tudo o resto que me interessa. A linha é a minha escrita, é a possibilidade que tenho de escrever visualmente. Nesse sentido, todo o meu trabalho funciona como um diário visual que ocorre sobre e entre várias superfícies”.