Uma iniciativa do Museu Municipal, que contou com a presença do Vereador do Pelouro da Cultura, Luís Diamantino.

Até ao final do verão faça uma viagem didáctica pelo mundo dos trajes “interiores” e conheça estas peças que, quando usadas, são escondidas e quase esquecidas nos estudos do traje. Esta exposição, só é possível graças a um diversificado e vasto número de pessoas que, ao longo dos anos, ofereceram peças de traje que estavam na posse de várias famílias, há várias gerações. Peças confeccionadas nos ateliês de modistas e costureiras que outrora existiam na Póvoa, ou adquiridas nas lojas do próspero comércio que a Póvoa tinha desde o século XIX.

O estudo do traje civil, religioso, militar ou etnográfico enche capítulos de uma miríade de edições que abordam a evolução do vestuário, a diversidade de tecidos, cores e formas que a roupa teve ao longo da sua história. Existem museus dedicados ao traje, onde vestimentas de outrora, usadas por importantes figuras, irmanam com roupas do povo ou indumentária litúrgica. Muito menos atenção foi dada às vestes interiores, aquelas peças de roupa que se envergavam directamente sobre a pele, proporcionando maior conforto e aconchego e poupando a roupa de fora à transpiração, odores e fluidos corporais. A “roupa de dentro”, ou “roupa branca”, como também era denominada, era, muitas vezes, a única que era lavada e, mais ou menos frequentemente, mudada. Em épocas em que os cuidados de higiene corporal eram pouco frequentes e a maioria das casas não tinha uma casa de banho, esta mudança de roupa constituía, por si só, uma incipiente forma de higiene muitas vezes recomendada por médicos e higienistas.

As classes mais abastadas usavam estes trajes manufacturados em tecidos finos e ricos, com bordados ou rendas, fitas e botões de madrepérola ou materiais semi-preciosos. O povo usava menor diversidade de peças, os tecidos mais baratos, os cortes mais simples, mas, até nestes, o gosto por um certo luxo por vezes emerge, através de uma elaborada costura colorida, uma renda barata, um bordado a vermelho, franzidos ou pregueados, mesmo aqueles que pouco tinham, gostavam de possuir, nos seus trajes íntimos, uma sensação de luxo, com estes adornos ou ornamentos.

Neste mundo da “intimidade”, onde, podemos ver trajes das classes trabalhadoras, lado a lado dos trajes ricos da burguesia local, mostram-se peças onde impera o decoro, junto de outras em que se insinua uma sensualidade muitas vezes reprimida.