Póvoa de Varzim, 24.07.2008 - Sábado, dia 26, é entregue mais um prémio do 3º Concurso Internacional de Composição, desta vez na modalidade “Música de Câmara”, no âmbito da 30ª edição do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim, que está a decorrer desde dia 11 de Julho.
A propósito de Derivação, escreve o compositor, Gonçalo Gato: “É uma peça para piano onde quis explorar a derivação (passo o pleonasmo) como elemento fundamental da construção do discurso musical. O material inicial é, por assim dizer, despojado, quase neutro, mas é na sua variação que reside o seu interesse. Penso que o compor tem muito que ver com a exploração das potencialidades de um determinado material musical, seja ele qual for. Assim, a escolha do momento para instilar novo material musical surge sempre após o esgotar de potencialidades de variação de material anterior. Esse esgotamento cria a tensão necessária para a renovação do discurso. Por esta razão conceptual estar no núcleo da composição, esta peça é também um manifesto de liberdade: liberdade para não haver secções pré-definidas, liberdade para não haver esquemas composicionais apertados, liberdade para fazer uso da intuição no compor.”
Para Ana Seara, que compôs Poema, Mensagem: “Uma mensagem para todos os professores com quem tive oportunidade de trabalhar, uma mensagem para tudo aquilo que aprendi, uma mensagem por tudo aquilo que farei a partir de agora. O poema da independência, da responsabilidade e do futuro. Em Poema, Mensagem utilizei harmonias de várias peças de Grisey, como Partiels e Talea. Esta peça é-lhe dedicada, neste ano de 2008 em que se celebram os 10 anos da sua morte. Tal como um poema é constituída por diversas partes que “rimam” mas também adquirem identidades próprias e, por isso, se distinguem e coabitam em perfeita harmonia, esta peça alterna a figura com o continuum, o rápido fluir dos acontecimentos e o estatismo.”
Às 21h45, a Camerata Senza Misura interpreta as duas obras, que serão depois avaliadas, durante o intervalo, pelo júri, pelo público e pelos intérpretes.
Após a interpretação de “Derivação” e de “Poema, Mensagem”, a Camerata Senza Misura, composta por Pedro Ribeiro (oboé), Nuno Pinto (clarinete), Pedro Silva (fagote), Bernardo Silva (trompa), Evandra de Brito Gonçalves ( violino), Luís Norberto Silva (viola), Filipe Quaresma (violoncelo), António Augusto Aguiar (contrabaixo) e Elsa Marques da Silva (piano), interpreta também “Granito”( Duo para Violoncelo e Contrabaixo), de Carlos Azevedo (1964) e Elliot Carter (1908), Quinteto para piano e sopros (oboé, clarinete, fagote e trompa)
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Allegro
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Tranquillo – Stesso tempo –
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Tempo primo
A Camerata Senza Misura é um projecto ambicioso, que tem como objectivo reunir uma nova geração de músicos portugueses com vista à realização de programas de música de câmara, e que teve o seu início em Novembro de 2002, com a participação no ciclo Clarinete À Volta do Côa.
Com uma formação ecléctica – inclui sopros, cordas e piano – este grupo pode executar obras com as mais diversas combinações o que permite, ao mesmo tempo, ter abrangência e flexibilidade para executar repertório de vários períodos da história da música. A divulgação de música portuguesa contemporânea tornou-se um aspecto de muita importância para o grupo, empenhando-se por isso na encomenda e estreia de obras de compositores portugueses.
Após o intervalo, é interpretada mais uma peça de Carlos Azevedo (1964), “Poema” (noneto), seguindo-se o anúncio pelo júri do vencedor na modalidade “Música de Câmara” deste 3º Concurso Internacional de Composição.