O designer, artista multimédia e músico apresentou o seu projeto no passado dia 23 de março, no Cine-Teatro Garrett e explicou que “esta residência artística surge no seguimento do trabalho que tenho vindo a desenvolver, posterior à instalação MAR, que concebi a convite do Museu de Arte Contemporânea de Serralves e que esteve instalada na Capela de Serralves em junho de 2018.

Esta é uma oportunidade para levar muito mais longe o trabalho que realizei com a instalação MAR, e posteriormente com a instalação Under the Above, exposta na Solar – Galeria de Arte Cinemática em Vila do Conde. Paralelamente a estas obras tenho vindo a desenvolver um trabalho documental que pretendo agora explorar mais a fundo e dedicar dois anos da minha vida a fotografar, filmar e a pensar no mar e nas pessoas que ainda hoje nele habitam”.

Helder Luís revelou que “durante a produção da instalação MAR embarquei em vários barcos de pesca poveiros e essa experiência tocou-me de uma forma que ainda hoje não consigo compreender totalmente. O certo é que sinto vontade de ir para o mar, e sempre que vou levo comigo a ansiedade de capturar algo tão fugaz e imaterial que provavelmente habita apenas dentro de mim, mas mesmo assim vou armado de uma ingenuidade que é própria de quem persegue algo que sabe existir. Após o convite de Serralves algo em mim automaticamente despertou para esta questão. Realmente, existia e existe em mim uma relação muito mais profunda do que aquela que conscientemente pensava existir com o mar e com os pescadores”.

A propósito da residência artística, o designer divulgou que “pretendo editar três livros acompanhados das suas respetivas exposições de fotografia, e produzir duas novas instalações e um documentário”. As exposições estarão patentes no Museu Municipal e n’A Filantrópica. As instalações serão mostradas junto à Igreja da Lapa e na capela da fortaleza de Nossa Senhora da Conceição. O documentário será exibido pela primeira vez no Cine-Teatro Garrett.

Assim sendo, em finais de junho vai apresentar o projeto Atlântico, um projeto documental que relata a sua viagem desde a Póvoa de Varzim até Ponta Delgada e a pesca ao largo dos Açores no meio do Atlântico, a bordo do “Íris do Mar”. Será apresentado no Museu Municipal da Póvoa de Varzim através de uma exposição de fotografia e da publicação de um livro.

Em finais de setembro irá apresentar n’A Filantrópica o projeto Sardinha, também um projeto documental sob a forma de um livro e de uma exposição de fotografia sobre os homens que ainda hoje pescam esta espécie tão procurada pelos portugueses e que atualmente corre o risco de extinção.

Para 2020, Helder Luís prevê apresentar uma instalação multimédia ao ar livre, junto à Igreja da Lapa, intitulada Supplica, em evocação à tragédia de 27 de fevereiro de 1892. A seguir, em junho, vai apresentar uma instalação sonora reativa intitulada Búzio na capela da fortaleza de Nossa Senhora da Conceição.

Em setembro irá apresentar o projeto final, intitulado 7 Barcos, 7 Vidas, 7 Mares, um projeto extenso que será desenvolvido ao longo dos dois anos da residência artística e que resultará num livro, numa exposição de fotografia e num documentário.

Este projeto será integrado no mestrado de fotografia e cinema documental que Helder Luís frequenta atualmente na ESMAD, como tese de mestrado.

O Vice-Presidente e Vereador da Cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Luís Diamantino, transmitiu que “esta residência artística reflete toda a vivência que o Helder Luís tem com o mar, a sua viagem até aos Açores num barco de pesca de pesca e também o regressar às origens do Helder e uma forma que temos de centrar no mar, um elemento preponderante na vida do poveiro, toda a arte que o Helder quer, de alguma forma, exprimir através dos filmes, de livros, de exposições”.

O autarca transmitiu que “o trabalho do Helder lança-nos perguntas constantes mais do que respostas. A sua obra está constantemente inacabada”.

Pode acompanhar a evolução da residência artística num site que o artista criou para o efeito: http://www.marpvz.pt