Para melhor retratar as alterações que esta tragédia marítima causou no traje poveiro, o jornalista e escritor fez-se acompanhar do Grupo de Teatro da associação Leões da Lapa. Os figurantes mostraram a indumentária usada pela nossa comunidade antes e depois desta tragédia, sendo que as roupas coloridas deram lugar ao luto.

O Vice-Presidente da Câmara Municipal, Luís Diamantino, esteve presente na sessão.

Sobre o acontecimento, José de Azevedo referiu o seguinte:

“No passado dia 27 de fevereiro fez 125 anos que aconteceu a maior tragédia marítima da Póvoa de Varzim, roubando a vida a 105 pescadores: 70 da Póvoa e 35 de Afurada. Segundo a imprensa da época, o naufrágio deixou 50 viúvas e 121 órfãos na nossa comunidade piscatória. Um quadro de miséria que comoveu o país inteiro, motivando a maior campanha nacional de solidariedade. Não houve associação ou clube, que não se cotizasse ou corporação de bombeiros que não fizesse largo peditório para auxílio das famílias enlutadas. A rainha Dona Maria abriu uma subscrição pública, as colónias estrangeiras mandaram donativos e alguns escritores prestigiados, como João de Deus, Pinheiro Chagas, Lopes de Mendonça, Ramalho Ortigão e Alfredo Keil, entre outros, publicaram textos cuja receita reverteu para as famílias das vítimas.

O naufrágio de 1892 não só cobriu de luto a Póvoa inteira como alterou os hábitos e trajes da comunidade piscatória. A história da Póvoa pode dividir-se em “antes” e “depois” da grande tragédia.

Porque reputamos de muito interesse para a história trágico-marítima da cidade, vamos falar da tragédia com base na correspondência oficial do Delegado Marítimo da Capitania da Póvoa de Varzim, do Chefe do Departamento Marítimo do Norte e outras repartições da Marinha. Outras informações importantes recolhemos da imprensa local e nacional.”