Preocupadas em
reproduzir o mais fielmente possível o barco, as crianças usam moldes de cartão
e passam para o papel os contornos do desenho que ilustra o tema de uma
conversa que preencheu a manhã – a lancha poveira, a sua história, a forma como
era construída, para que servia e como nela trabalhavam o mestre e os tripulantes.
Como hoje se assinala o Dia Nacional do Mar, a Biblioteca Municipal decidiu,
uma vez mais, assinalar a data. E, numa terra de mar, porque não lembrar esta
embarcação única, que já não navega e da qual resta apenas uma réplica, em
tamanho natural? E, se a lancha poveira já não existe, é imperativo passar o
legado da sua memória às novas gerações, para que não esqueçam esta importante
peça do património local, indissociável da vida e da história da comunidade
piscatória.

A Biblioteca preparou, então, um dia
inteiramente dedicado a este tema. De manhã, depois da projecção de excertos de
um filme sobre a lancha poveira, em que se mostrava a forma como era construída
e como navegava e como se processava o trabalho a bordo, as crianças do primeiro
ano da Escola nº 3 do Desterro tiveram o privilégio de ouvir os testemunhos de
José Flores, do Museu Municipal, que falou um pouco da história da embarcação,
e dos tripulantes Abraão, com quem treinaram o “Ala-Arriba”, e Victor Castro,
com quem aprenderam o que era uma poita, onde ficam a proa e a popa e como se veste
um colete salva-vidas. Os remos, a peça mais detestada pelos tripulantes,
porque obrigava ao uso de força quando não havia vento, as velas, o mastro, as
pás de madeira para retirar a água que se acumulava no interior da lancha, as
vergas, o aparelho para puxar as redes para bordo, foram outras das peças
mostradas às crianças, por este tripulante da lancha, que explicou a um
elemento do grupo de utentes do MAPADI,
que entretanto se juntou ao grupo, que desde jovem que era pescador, mas que a
sua paixão era fazer parte da tripulação desta embarcação, sonho que conseguiu
concretizar.

dia nacional mar 01 dia nacional mar 02 dia nacional mar 03

De tarde, prossegue a conversa em
torno da lancha, mas com outros convidados. A Escola nº 3 do Desterro continua
a participar, agora com três turmas de diferentes níveis de ensino e, para
falar com as crianças, estarão o mestre Agonia e o tripulante Peixoto, para
quem a lancha poveira não tem segredos.

dia nacional mar 04 dia nacional mar 05 dia nacional mar 06

Com estas
actividades, que envolveram a participação de perto de duas centenas de
crianças, e com o lançamento, logo à noite, do livro
Mares Poveiros: histórias, ideias e
estratégias de pescadores da Póvoa de Varzim,”
de Luís Martins, que será o nº 17 da colecção “Na linha do horizonte – Biblioteca Poveira, a
Biblioteca Municipal navegou hoje pelas histórias do mar da Póvoa.

Anualmente,
a Sociedade de Geografia de Lisboa procura mobilizar os municípios portugueses
para as comemorações do Dia Nacional do Mar, dia institucionalizado por
resolução do Conselho de Ministros, e que é comemorado a 16 de Novembro. Este ano, a Sociedade de Geografia  adoptou “As comunidades ribeirinhas e
o desenvolvimento local” como tema das
celebrações, em
reconhecimento da importância do âmbito local no
desenvolvimento sustentável das actividades marítimas.

A Biblioteca Municipal
vem participando regularmente nestas comemorações, tendo mesmo sido escolhida
em 2006 para ser o posto nacional de aposição do carimbo comemorativo dedicado
à lancha poveira, e, por esse motivo, estabeleceu como objectivo para as
comemorações de 2007 promover o conhecimento da história da comunidade
piscatória, destacando a lancha poveira.