A Câmara Municipal e Assembleia Municipal da Póvoa de
Varzim agradecem a todos os quantos se associaram à
homenagem ao Exmo. Senhor LINO MARTINS DA SILVA ARAÚJO, Presidente da Junta de
Freguesia de Balasar e membro da Assembleia Municipal, quer por ocasião do seu
funeral, realizado em 24 de Dezembro, quer aquando da celebração da Missa de 7º
Dia, que terá lugar às 18h30 do dia 30 de Dezembro na Igreja Paroquial de
Balasar.

Publicamos, de seguida, a mensagem do Senhor Presidente da Câmara
Municipal da Póvoa de Varzim, José Macedo Vieira.

LIÇÃO DE VIDA

 
            Que
dizer, quando morre um amigo? Seguramente que, com ele, também nós morremos um
pouco. Ou, no caso presente, que mudamos, e muito, a nossa forma de olhar os
mistérios da vida.

            De facto, Lino Araújo – o Lino,
simplesmente o Lino, como o tratávamos no carinho de uma relação convivial a
que a sua transbordante simpatia nos conduzia irresistivelmente – o Lino,
dizia, era, mais que um excelente autarca, um modelo de humanidade. De uma
humanidade desarmante: perante a franqueza da sua abertura, plasmada num
sorriso cúmplice e amigo, rompiam-se barreiras, e abria-se, claro e crescente,
o canal da amizade e da cooperação. O Lino era assim: um sedutor.

            E era também, talvez por via de uma
relação com a vida muito influenciada pela sua profissão, alguém que tinha a
noção de quanto, na frágil jangada que somos, tudo é relativo. Nunca me
esquecerei da serenidade com que me deu a ver (quis que eu visse), no meu
gabinete, a confirmação do mal que sabia trazer consigo.

            E nunca esquecerei, sobretudo, a suprema
lição de vida que, a partir de então, deu a quantos o conheciam (e, por isso,
mais o passaram a admirar): a coragem com que tudo enfrentou, a confiante
esperança que nunca perdeu. O Lino acreditava que a sua indómita vontade
completaria o trabalho da ciência médica. Qualquer outro – estou disso
convencido – fraquejaria, rendendo-se ao poder inexorável desta doença maldita.

            Nesta hora, que revolta pela
injustiça de um desaparecimento tão precoce e tão violento, há que saber estar
à altura da memória e da lição de vida que o Lino deixa como legado. Sei quanto
Balasar lhe deve – e que os Balasarenses nunca esquecerão. E sei quanto todos
nós, que tivemos o privilégio de o contar como Amigo, aprendemos com ele.

            É nestes momentos, e perante estes
exemplos, que surge em mim a convicção de que há-de haver um lugar onde
poderemos continuar, e pôr em dia, a nossa amizade.

            Aquele abraço, Lino.

 

23 de Dezembro de 2009

José Macedo Vieira