Depois de 36 anos longe do olhar do público, as 13 figuras em tamanho natural esculpidas no século XIX voltaram a ser expostas no Museu, onde a “Última Ceia” tinha sido exposta pela última vez em 1974, antes de o edifício entrar em obras. E o resultado foi a enorme afluência de pessoas que apesar da noite fria e chuvosa não deixaram de vir ao Museu para ver a encenação, aproveitando depois para fazer uma visita guiada e ficar a saber um pouco mais da História do concelho.

Nessa noite, o edifício esteve aberto entre as 21h00 e a meia-noite e meia, como forma de assinalar a Semana Santa. No pátio do Museu, onde depois das mais recentes obras de ampliação, se fez uma ampla sala polivalente, as figuras que durante todos estes anos permaneceram nas reservas, surgiram devidamente restauradas para a ocasião.

O foco de luz que sobre elas incidia, na sala em penumbra, permitiu destacar a beleza dos novos trajos, confeccionados pelos técnicos do museu e o cuidado do restauro, também por eles levado a cabo com o objectivo de preparar os “apóstolos” para a encenação.
Até ao próximo fim-de-semana, a “Última Ceia” pode ainda ser vista no Museu Municipal. E mesmo que sem a magia da noite de abertura, fica a fascinante história das figuras que a compõem.

É que ao que se sabe, as figuras que datam do século XIX, terão sido mandadas fazer pela família Sá Vieira, que morava na actual Rua Cidade do Porto. Como cumprimento de uma promessa, foram cedidas à Confraria de Nossa Senhora das Dores para representarem a Última Ceia, precisamente nas cerimónias da Semana Santa. Posteriormente, como a Confraria não tinha onde as guardar, as figuras voltaram para o sótão da casa da família Sá Vieira e aí ficaram até serem encontradas em meados dos anos 30 por um sobrinho que herdara a casa e que comunicou o achado a Santos Graça. O investigador local, que então dirigia o Museu Municipal logo as recolheu para passarem a fazer parte do espólio. Ficaram expostas até 1974 e agora de novo, em 2010.