O Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, acolheu o governante no evento organizado pela associação COTEC Portugal (associação empresarial) e que teve como tema central “A Vantagem do Sourcing Sustentável: a Próxima Prioridade para as PME Inovadoras”.

O Ministro considera que a economia circular é absolutamente fundamental para uma sociedade hipocarbónica, através da regeneração dos materiais que faz. “Falo de conceber produtos que excluem logo na sua conceção a geração de resíduos e de poluição, de manter esses produtos e os seus constituintes em uso por mais tempo e de promover a regeneração dos sistemas naturais, tudo isso assente em fontes de energia renováveis”, sublinhou. De acordo com João Matos Fernandes, “é preciso pensar e criar modelos de negócio que permitam gerar valor do mesmo produto várias vezes ao invés de uma só vez.  É preciso garantir que o material que sai fora da porta da empresa possa voltar para eu o reutilizar – quanto mais simples o material, mais fácil será”, destacou. No entanto, o governante alertou para o facto de a economia ainda ser um entrave a uma mudança de paradigma na produção de produtos sustentáveis e recicláveis por se focar no preço. “O problema é que temos mais receios do impacto económico no curto prazo dessas soluções do que temos dos impactos físicos das alterações climáticas, da escassez de recursos materiais, ou do colapso dos sistemas naturais, porque estão longe ou não se sentem”, afirmou.

O Ministro do Ambiente considera que “nesta evolução de consumidores para utilizadores, com todo o respeito por quem promove os Black Fridays da vida, eles são, de facto, um contrassenso”.

Para Portugal atingir as metas da descarbonização em 2050 é necessário pensar a solução pelo lado da produção e do consumo. “Alcançar a neutralidade carbónica terá de ir a par de sistemas de produção e de consumo mais inteligentes – que preservem e regenerem, ao invés de extrair e desperdiçar – e no seu centro o bem-estar social e a valorização do território”, salientou o governante.

O Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim caracterizou o tecido económico do concelho como diverso e complementar e que valoriza “esse crescentemente importante ativo que é o mar”.

Para o edil, “os poveiros – desde sempre prudentes, ou, como agora se diz, norteados por critérios de sustentabilidade – sempre foram defensores de uma regra que lhes garantia a segurança económica: um pé no mar, outro na terra. Por isso, além de pescarem, cultivavam as terras arenosas da beira-mar, onde aprenderam (e entretanto ensinaram) a produzir excelentes hortícolas, hoje com uma dimensão económica considerável”.

Os hortícolas frescos do litoral, comercialmente organizados, abastecem hoje todo o noroeste peninsular e a vizinha Galiza, e chegam diariamente ao centro da Europa, num negócio que, incorporando toda a fileira (a montante e a jusante da produção) excede os 100 milhões de euros e ocupa 10.000 pessoas.

“A indústria é já, também, um setor muito presente entre nós: o parque industrial de Laúndos depressa se tornou pequeno para tantas solicitações de investimento – razão por que brevemente lhe serão acrescentados cerca de 60 hectares de terreno para captação de novas empresas e novos negócios. E além de Laúndos temos outros parques, de menor dimensão, em Argivai, em Amorim e em Rates, com o propósito de, através de um criterioso posicionamento geográfico, contribuirmos para a mais correta fixação de população, o harmonioso desenvolvimento de todas as parcelas do concelho e uma menor pegada ecológica”, explicou Aires Pereira.

Segundo o edil, “os desafios que o país enfrentará – aqueles que são visíveis e aqueles que fermentam na imprevisibilidade de algumas lideranças internacionais – convocam-nos, mais do que nunca, à reflexão estratégica, para criarmos Conhecimento e para aprofundarmos alguns domínios da economia como a bioindústria, em particular a área dos biomateriais (em crescimento assinalável)”. O autarca afirmou que acompanha a reflexão que se vai realizando em debates, colóquios, reuniões do mais diverso tipo, em que as equipas de investigadores partilham conhecimento em áreas tão diversas como os bioplásticos, os substratos enriquecidos para a agricultura, a purificação acrescida do biometano para usos veiculares, ou a separação de materiais raros (como o ouro, o antimónio ou o vanádio) das escórias.