Este foi um dos
factos avançados hoje na palestra “Mitos e Factos sobre Imigração”, que
decorreu no Diana Bar, como forma de assinalar o Dia Mundial da Tolerância.

Tal valida a opinião
de Luís Diamantino, vereador do Pelouro da Acção Social, defendida na abertura
da palestra: “Temos que nos tolerar uns aos outros e saber receber porque
também gostamos de ser bem recebidos” pois, como relembrou, “Portugal tem
muitos emigrantes. Agora somos nós que recebemos e somos um país de
oportunidades para as outras pessoas e tal só nos enriquece”, dando, como
exemplo, a excelente adaptação dos filhos de imigrantes ao sistema de ensino
português, tornando-se estes, por vezes, nos melhores alunos da turma. 

Tendo como base o
ditado “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”, Zélia
Valoura, membro da equipa ENTRECULTURAS, do Alto Comissariado para a Imigração
e Diálogo Intercultural (ACIDI), entidade parceira da Câmara nesta organização,
foi descontruindo os mitos que surgiram ligados à imigração, como por exemplo,
a ideia de que a presença de imigrantes contribui para a taxa de desemprego dos
portugueses, para o desgaste da Segurança Social ou para o aumento da taxa de criminalidade.
Ideias que não poderiam ser mais erradas, pois, e de acordo com os dados
apresentados na palestra, e no que à taxa de desemprego diz respeito, o seu valor mais
elevado registou-se numa altura em que não havia uma presença relevante de
imigrantes. Quanto à Segurança Social, o perigo de desgaste não se põem, pois esta
é também alimentada pelas próprias contribuições dos imigrantes e, no que
respeita à criminalidade, a associação entre crime e imigrante resulta, muitas
vezes, da falta de contextualização dada pelos meios de comunicação social ou
até mesmo pela exclusão social sofrida por aqueles que escolhem o nosso país
para viver e trabalhar. A própria saúde dos imigrantes deu origem a outro mito,
a de que estes transportavam consigo doenças que depois se propagavam pela
restante população. No entanto, e apesar de quando cá chegam se apresentarem
saudáveis, os imigrantes adoecem no país de acolhimento, devido às condições
precárias de trabalho, à alimentação deficiente e às más condições de
alojamento.

Ver a questão pelo
lado do imigrante era o grande objectivo desta palestra, reconhecendo que na
sua vinda se encontram aspectos positivos, como o enriquecimento cultural, e, a
um outro nível, o aumento de bens de consumo e serviços.

Zélia Valoura, e
tendo em conta a presença de imigrantes na assistência, deu ainda a conhecer o
ACIDI, organismo fundado em 1995, e o Serviço Nacional de Apoio ao Imigrante,
que tem parcerias com diversas entidades como o SEF ou o IEFP e que tenta
prestar apoio ao imigrante nas várias dificuldades que este encontra no país de
acolhimento. Deste Serviço Nacional faz parte o Centro Local de Apoio à
Integração dos Imigrantes, serviço inaugurado na Póvoa a 19 de Outubro último, que
se integra no Gabinete de Apoio ao IEmigrante.

Dados de 2002 apontam para a existência de 175
milhões de imigrantes em todo o mundo e meio milhão em Portugal. No entanto, e
ao contrário do que muitos pensam, Portugal não é dos países que mais
imigrantes recebe. Luxemburgo, Suiça, Alemanha, França e Espanha são os
destinos mais escolhidos por imigrantes, muitos deles portugueses.