Aires Pereira,
Vice-Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, esteve presente na
inauguração da mostra e referiu que “não há ninguém na nossa terra que não se
lembre das Ourivesarias Gomes, Tavares ou Milhazes. Estas casas comerciais
foram também a escola de muitas dezenas de ourives, artesãos ligados à
manufatura do ouro e, mais recentemente, da prata. Há alguns anos, muita gente
visitava a Póvoa de Varzim para adquirir peças na Rua da Junqueira. Felizmente
resistem algumas ourivesarias a estes tempos difíceis, quer na aquisição de
matérias-primas, quer na captação de clientes. Dentro do que são as nossas
apostas turísticas e a afirmação das nossas Marcas Poveiras, este evento diz
muito da atitude do município face às nossas empresas. Desaparecerem as grandes
fábricas, restando-nos apenas uma, a fábrica de conservas A Poveira, que se
transferiu há pouco tempo para o Parque Industrial de Laúndos, e que tem a
trabalhar 150 mulheres. Acho que é tempo do município valorizar o que ainda
resta como forma de marca distintiva da Póvoa de Varzim. A Câmara Municipal tem
feito um esforço grande na captação de novos visitantes, participando em feiras
em todo o país, mostrando as marcas que nos distinguem”.

Lucinda
Delgado, Vereadora do Pelouro do Desenvolvimento Local, explicou que “o desafio
foi lançado à Associação Comércio ao Ar Livre que colaboraram na montagem desta
exposição que faz uma leitura da nossa comunidade”.

Carlos
Tavares, da Ourivesaria Tavares, colaborou na montagem desta exposição e explicou
que “durante muitos anos, esta atividade económica foi muito importante na
Póvoa de Varzim. Havia muitas oficinas de fabrico espalhadas por todo o
concelho, desde os conhecidos prateiros de Beiriz e Terroso até grandes
joelheiros no centro da cidade. E se não existirem iniciativas como esta, toda
esta história vai morrer sem que as novas gerações tenham qualquer informação
sobre esta tradição. Esta mostra conta com peças que eram tradição fabricar e o
ouro que a população poveira, essencialmente pescadores e agricultores, usava.
As tradições estão a reciclar-se e as novas peças vão buscar o design das peças antigas e mais
tradicionais adaptando-se às novas tendências. A filigrana é utilizada por
novos criadores em peças contemporâneas. A ourivesaria está a passar por
dificuldades: a matéria-prima é muito cara e os clientes não têm possibilidades
para consumir. Enquanto que, no passado, as pessoas consumiam peças de ouro por
crença, fé, ou como amuletos, hoje os motivos para a aquisição de uma peça já
não está relacionada com motivos religiosos ou profanos. Estão a derreter-se
diariamente excelentes peças de ourivesaria e que depois são exportadas para
outros países da Europa sem qualquer valor acrescentado. Ou seja, a nossa
indústria não produziu nada, não acrescentou valor a este setor”.

José Flores
Gomes e José Azevedo, respetivamente arqueólogo municipal e historiador
poveiro, abordaram a história da utilização deste metal precioso na região,
desde a Idade do Ferro até ao século passado.

Até 2 de junho poderá visitar, no Posto de Turismo,
esta exposição de ourivesaria, parte do projeto Marcas Poveiras que pretende valorizar
interna e externamente algumas das potencialidades que a Póvoa de Varzim
oferece e, por outro lado, dar a conhecer e valorizar profissionais que, em
atividade relacionadas com esta oferta turística, se destacam pela qualidade dos
seus bens /serviços.