As excelentes condições para a prática de surf ski e o nível de dificuldade dos percursos foram apontados pelos atletas como a mais-valia deste evento, que contou com a assistência de centenas de pessoas nas praias e de muitos milhares que acompanharam as provas através da internet, numa emissão em directo. Organizada pelo M.A.R. Kayaks e pela Federação Portuguesa de Canoagem, com o apoio da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, a competição promete voltar para o ano.

Inicialmente marcada para a manhã de sexta-feira, a primeira prova, 10 km Downwind Ocean Race, acabou por ser adiada para a tarde. Uma decisão da organização que acabou por dar bons frutos, já que no Porto de Pesca, ponto de partida para a prova de dez quilómetros, o céu estava límpido e o vento soprava à velocidade certa. Centenas de pessoas juntaram-se para assistir ao arranque desta etapa, entre simpatizantes da modalidade, familiares e amigos dos concorrentes ou veraneantes curiosos. Alinhados no curto areal, os 140 atletas partiram para a prova ao estilo “Le Mans” – fora do barco – tentando arrancar o mais rápido possível. Dirigindo-se a norte, na direcção do farol, os atletas encontraram dois obstáculos: as ondas, que em alguns casos fez virar embarcações, e o vento, contra o qual os atletas seguiam. Mas tudo mudou quando contornaram a primeira bóia junto ao farol e se dirigiram para sul, em direcção à meta na Praia da Azurara e a favor do vento. Numa última corrida contra o tempo, os participantes tiveram que encarar de novo as ondas à chegada à praia, vencendo a forte rebentação que se fazia sentir. Tim Jacobs, canoísta australiano, foi o primeiro a cruzar a linha da meta, terminando os dez quilómetros do percurso em 41.26 minutos. Seguiram-se os também australianos Ken Wallace, 44 segundos depois, e David Smith, 55 segundos após o vencedor. David Fernandes foi o melhor atleta português, alcançado a 10ª posição, a 3.48 minutos de Tim Jacobs. Curiosa foi também a prestação de João Ribeiro e Fernando Pimenta, dupla que se sagrou Vice-campeã do mundo em K2 500 no domingo, 22, e que chegou junta à meta, terminando na 68ª e 69ª posição, respectivamente.

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Entrega de Prémios pelo Vereador Aires Pereira

No que respeita à prestação das atletas femininas, a sul-africana Michele Eray conquistou o primeiro lugar, ao terminar a prova com 47.04 minutos, seguida da australiana Bernadette Wallace e da sul-africana Bridgitte Hartley. Helena Rodrigues e Joana Vasconcelos foram as melhores atletas portuguesas, ao chegarem, respectivamente, na 6ª e 7ª posição.

Pela primeira vez a participar numa prova em Portugal, Tim Jacobs fez um balanço muito positivo da sua prestação, elogiando as óptimas condições para a prática de surf ski. “Foi uma boa corrida, com uma meta final emocionante”, considerou, contando ainda que conseguiu chegar à liderança da prova no momento em que os atletas viraram a favor do vento. Michele Eray, líder mundial da disciplina, mostrou-se também impressionada com a organização e condições para a prática deste desporto. Sobre a prova em si, explicou que lhe foi muito difícil “negociar com o vento”. Já David Fernandes não escondia o orgulho de poder partilhar o pódio e a competição com os melhores atletas do mundo.

Terminada a entrega de prémios, a ordem era para descansar. No dia seguinte, sábado, logo pela manhã começavam as eliminatórias para a prova de 800 metros, na Praia da Azurara. À tarde, estavam já encontrados os 20 melhores atletas masculinos e as 20 melhores atletas femininas. Estas foram as primeiras a discutir o Surf Ski Tournament, prova de 800 metros em que os participantes tinham que correr para os seus barcos, enfrentar a rebentação das ondas e remar 400 metros em direcção a uma bóia e regressar à areia. Bridgitte Harltey foi a primeira atleta feminina a terminar a prova, em 2.16 minutos. Seguiram-se as britânicas Lani Belcher, com 2.17 e Rachel Cawthorn, com 2.22. Teresa Portela foi a primeira canoísta portuguesa a cruzar a meta, com 2.25.

Na final masculina Jasper Mocke sagrou-se vencedor. O sul-africano completou a prova em 1.52 minutos, dois segundos a menos que o australiano David Smith. Jacob Clear foi o terceiro a cruzar a meta, com 2 minutos.

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Entrega de Prémios pelo Vereador Afonso Oliveira

Entre os atletas a opinião era unânime: para uma etapa tão curta, mais do que nunca era importante concretizar uma boa largada, dificultada pelas ondas. Que o diga Teresa Portela, classificada em 4º lugar. “Larguei mal e foi muito complicado recuperar”, explicou, considerando esta prova mais competitiva que a disputada no dia anterior.

José Garcia, Vice-presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, faz um balanço extremamente positivo da edição de 2010 do torneio. O dirigente contou que os atletas ficaram muito satisfeitos com as condições da prova, sendo que alguns chegaram mesmo a qualificar o Nelo Summer Challenge 2010 como “uma das maiores provas do mundo”. O facto de este ano contar com uma nova etapa, que ligou Póvoa de Varzim a Vila do Conde, dotou todo o torneio de um nível de exigência diferente, muito do agrado dos atletas. “Não houve percalços”, avaliou, explicando que “tudo correu bem porque houve empenho da organização, dos voluntários, dos atletas”. Por isso já se começa a pensar na edição de 2011 até porque, explicou José Garcia, uma dos objectivos inerentes à organização desta prova é a de promover a prática de surf ski em Portugal. E com o apoio da Federação Portuguesa e da Federação Internacional de Canoagem, as provas realizadas no nosso país “começam a ter projecção a nível europeu”.

Na página oficial do Nelo Summer Challenge pode consultar, na íntegra, a tabela das classificações. E para ver os melhores momentos da competição em imagens, não deixe de visitar o portal municipal.