Todos os meses, o Museu Municipal convida os munícipes a conhecerem uma peça especial em exibição. Em fevereiro, estão em exposição as escórias de fundição, minérios diversos originários da Cividade de Terroso e que remontam aos Séculos I a.C. a I d.C.
A escória pode ser definida, em traços largos, como resto, ou dejeto, associado a um tipo de atividade humana, neste caso, da transformação de minério, para se obter um metal, mais ou menos puro. Relativamente aos metais corresponde ao aglomerado de todo o tipo de materiais incluídos nos minérios e que têm que ser removidos. Após este processo pode-se trabalhar o metal obtido de forma a que este possa ser transformado num utensilio, elemento decorativo, etc.
A peça em causa é proveniente da Cividade de Terroso, povoado cuja fundação ter-se-á dado algures nos finais do segundo milénio a. C., a início do primeiro, num período designado por Idade do Bronze. Esta implantação vai-se prolongar para o período seguinte – o da chamada Idade do Ferro-, fase da verdadeira implantação e desenvolvimento da Cultura Castreja. Estes períodos vão buscar o seu nome ao desenvolvimento dos dois metais que são, mais ou menos, dominantes e que vão provocar profundas alterações no modo de viver dos povos da Cividade de Terroso.
São escassos os materiais, ou objetos metálicos, detetados nas escavações. Considerando que estes podiam ser reciclados e reutilizados múltiplas vezes, não nos surpreende a sua raridade. Reconhecemos, assim, a importância da atividade metalúrgica, não pelos raros objetos encontrados, mas pelos abundantes vestígios das atividades metalúrgicas, nomeadamente, os minérios em bruto, as escórias de fundição e outros subprodutos que eram obtidos no moroso e complexo modo de produção. Escórias, moldes, cadinhos, tubos de cerâmica para circulação do ar e outros adereços usados, revelam-nos, pela sua profusão, que a metalurgia do cobre, estanho, chumbo, ferro, ouro e prata era correntemente utilizada na Cividade, onde foram identificadas duas oficinas de metalurgia.
A análise metalográfica destes subprodutos pode dar pistas importantes sobre a sua composição, o modo de produção, origem dos minérios, capacidades tecnológicas e possíveis dimensões dos objetos utilitários produzidos e que não chegaram até nós.
As escórias de fundição revelam-se, assim, num material de eleição para o estudo da metalurgia.
Pode ver a Peça do Mês do Museu Municipal de terça a domingo, entre as 9h30 e as 12h30 e das 13h30 às 17h00, pelo valor de 1 euro. A entrada é livre às quintas-feiras e para estudantes, professores, reformados, associados da Associação Portuguesa de Museologia (APOM), do Conselho Internacional de Museus (ICOM) e do Grupo de Amigos do Museu da Póvoa de Varzim.